Os tempos são difíceis no Brasil, e ainda bem que a temporada do futebol está a cada dia mais quente, com o Brasileiro a duas rodadas do fim do primeiro turno e luta renhida em cima e embaixo, além dos mata-matas da Copa do Brasil e da Libertadores. Vale para distrair das rugosidades do empírico.
Dá vontade de falar só de futebol, como tanta gente cobra, principalmente os que odeiam críticas aos governantes de plantão.
Sempre é assim. A direita adora quando as críticas são a governos de esquerda e detesta quando são aos que apoia, a ponto de esquecer as críticas anteriores. E vice-versa. Fazer o quê? Ossos do ofício.
O jogador de vôlei Mauricio Souza, não confundir com o cartunista Mauricio de Sousa, com “de” e “s”, visitou o presidente da República, de quem é fã, e sem ter medalha da Tóquiovid-21 para mostrar, levou a do Rio, além de sua camisa, no país da piada pronta, com o número 13, embora tenha votado, sem arrependimento como se vê, no 17.
Ter votado é uma coisa, manter o apoio ao presidente da República que quer desmoralizar o Supremo Tribunal Federal, e visitá-lo sem máscara, é outra, reveladora, de caráter.
Curiosamente o Palácio do Planalto não recebeu nenhum medalhista, nem sequer se manifestou publicamente para parabenizá-los.
Enquanto esquenta o futebol nos gramados pelo país afora, fervem os bastidores da Casa Bandida do Futebol.
Como falar só de Hulk, de Arrascaeta, de Weverton, ou do encantador trabalho do argentino Juan Vojvoda no Fortaleza, se o Marco Polo que não viaja continua como articulador de golpes abaixo da cintura e corre o risco de ver o tiro dado no Cabôco Assediadô sair pela culatra?
Por suas relações perigosas com Francisco Maximiano, o dono da Precisa, a empresa que intermediou a inexistente vacina indiana Covaxin com o governo do ídolo de Mauricio Souza, Marco Polo Del Nero será convocado a depor na CPI da Pandemia pelo combativo senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP).
Maximiano é dono também da Global, investigada no inquérito que apura desvios no Postalis, o fundo de pensão dos Correios, e pagou a bagatela de R$ 7 milhões ao escritório de advocacia de Nero.
Tudo o que os invariavelmente enrolados presidentes das federações estaduais de futebol, e os igualmente enrolados vice-presidentes da CBF, não querem é mais confusão em CPIs.
Razão pela qual são bem capazes de preferir o mal menor, a volta do Cabôco, ainda mais agora, livre do secretário-menor, que o traiu depois de ter passado meses em silêncio cúmplice sobre as denúncias de assédio sexual e moral de funcionária da entidade.
Pois são os cartolas das federações, essa excrescência nossa, que vão decidir se avalizam a suspensão de 15 meses imposta ao presidente afastado pelo conselho de ética da Casa Bandida –sim, outra piada pronta, a CBF tem conselho de ética!
Nero queria manter sua marionete, o coronel Nunes, até a nova eleição, em princípio marcada para abril do ano que vem, e então fazer novo sucessor enquanto a Fifa, que o baniu do futebol, finge não saber que ele continua mandando na CBF.
Água na fervura
A decisão das ligas inglesa, espanhola e italiana de não ceder jogadores nas datas Fifa para os países na “zona vermelha” da pandemia, se prevalecerem, esfriarão a temporada, porque os substitutos desfalcarão os times daqui.
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