1. O autor dessas linhas comunica às raras leitoras e aos raros leitores, nestes tempos de intolerância, que o termo olimpílulas remete aos Jogos de 2000, em Sydney, na Austrália, quando a coluna morava no saudoso diário Lance!.
Nada tem a ver, portanto, com o ex-presidente Lula, que então, embora sonhasse em chegar ao posto, provavelmente achasse que seria impossível. Não foi, mas essa é outra história que não cabe aqui, embora, sem sombra de dúvida, fosse incomparavelmente melhor para o Brasil se ele tivesse voltado em 2018, no lugar do psicopata que vive no Palácio da Alvorada e em irresponsáveis mortociatas.
2. A Tóquiovid-21 não economiza em emoções.
Você gosta de vôlei? Pois as meninas de Zé Roberto dão um show atrás do outro e seguem invictas depois de atuação impecável contra as ótimas sérvias.
Impressionante a renovação do time, repleto de caras novas principalmente para quem só acompanha o esporte a cada edição das Olimpíadas.
Se elas voltarão campeãs ou não depende de uma porção de eventos, alguns incontroláveis. Mas vale virar a madrugada para vê-las.
3. Os rapazes também seguem espetaculares.
Depois de surpreender o mundo com as medalhas de ouro em Barcelona-1992 e, lembre-se, surpreender também no Rio-2016, quando saiu do quarto e último lugar no grupo e fez final sensacional com a Itália para vencer por 3 a 0, último ato antes da festa de encerramento, num Maracanãzinho enlouquecido.
Naquele dia caiu uma tempestade tão assustadora que houve quem temesse pela segurança da solenidade final, tão memorável como a de abertura.
Pois bem. O atual sexteto não deve nada àquele, também capaz de reagir prontamente. Tomou um passeio dos russos e fez americanos e franceses pagarem pelo que não fizeram.
O que foi o segundo set contra a França? 39 a 37 para os adversários, quase repetindo o mais longo da história olímpica, 40 a 38 para a Itália contra a Argentina, em Sydney-2000!
Certeza de medalha? Sim. E não.
Sim, porque tem bola para voltar com o ouro pela quarta vez, como também fez em Atenas-2004.
E não, pelo de sempre, uma jornada infeliz no mata-mata, ou uma exibição exuberante do adversário e pronto: tudo que é sólido se desmancha no ar.
Porque com frequência o torcedor esquece de uma obviedade: nas Olimpíadas só tem cachorro grande. Grande não, enorme.
4. Por falar nesta raça tão rara como a leitora e o leitor que vieram até aqui.
Pense no bronzeado nadador Bruno Fratus, 32, em sua terceira Olimpíada, depois de chegar perto do pódio nas duas anteriores, agora o terceiro homem mais rápido do planeta na prova dos 50 metros livre.
Há quem ache pouco simplesmente por não ser capaz de pensar em outra obviedade: como você se sentiria se fosse o terceiro melhor do mundo nas categorias advocacia, engenharia, jornalismo, medicina, pilotagem de avião, ônibus, táxi ou trem?
Vale o mesmo raciocínio para a dupla de tenistas Laura Pigossi e Luisa Stefani, pioneiras em medalhas para um esporte que já teve até Gustavo Kuerten, o Guga, em busca delas.
5. Enfim, para toda uma geração ou mais de uma, talvez duas, ou três, torcer pelo surfe, ou pelo skate, foi algo que jamais passou por suas cabeças brancas ou em vias de.
Do outro lado do mundo, brasileiros, em suas pranchas, fizeram um montão de patrícios atravessar madrugadas dando notas sem saber exatamente como dá-las.
E, como se diz nos Carnavais, a festa não tem hora para acabar, porque quem tem Rebeca tem tudo!
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