As seleções chilena e brasileira fizeram um mau espetáculo na sétima vitória nacional em sete partidas pelas Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar.
O gramado estava péssimo, o time de Tite desmantelado porque Juninho Paulista não é portenho e não soube convencer os ingleses como fizeram os argentinos, Neymar fez das piores apresentações com a camisa amarela, embora jogasse de azul, e o placar de 1 a 0 não satisfez nem os resultadistas, que dirá os amantes do bom futebol.
Para quem tem visto o Atlético Mineiro, o Flamengo e o Fortaleza jogarem, a seleção foi um porre.
Lenta, espaçada, errando 11 a cada 10 passes, incapaz de aproveitar os espaços proporcionados pelo desespero andino, intensidade abaixo da crítica, foi de doer.
Neste domingo (5), no gramado perfeito de Itaquera, contra a Argentina, será diferente?
Não faz nem um mês que o grupo de pesquisa suíço Observatório do Futebol, dentro do Centro Internacional de Estudos do Esporte (CIES), fundado em 2005, apresentou o resultado de pesquisa feita em 28 campeonatos nacionais para medir a intensidade de seus jogos, baseado nas corridas de alta potência dos jogadores e na quilometragem de cada atleta.
Sem surpresa, a Premier League ficou em primeiro lugar.
Mas a classificação brasileira surpreendeu até o mais pessimista dos observadores: o nosso campeonato ficou em 26º lugar, à frente apenas dos escoceses e dos estadunidenses.
Parte disso, sem nenhuma dúvida, deve-se aos gramados brasileiros.
Basta ver o desempenho do Fortaleza quando sai do pasto do Castelão e joga, por exemplo, na casa verde.
Ou como estava o piso do Maracanã até outro dia e assim por diante.
Porque entre um, dois ou três corruptos aqui, outro assediador ali, a CBF não tem moral para impor padrão de qualidade aos gramados do seu campeonato.
Quando se joga entre buracos, ou tufos que se soltam, o jogador é obrigado a escolher onde pisa, tem de olhar para a bola, evitar que ela bata na canela, tudo isso.
Mesmo assim, 26º lugar em intensidade é assustador.
Tanto quanto recente pesquisa realizada pela Quaest Pesquisa e Consultoria, fundada em 2016, em Belo Horizonte, que revelou o desinteresse de 52% dos brasileiros pelo futebol.
É possível que haja influência da pandemia, da antipatia pela seleção brasileira, que anda sendo confundida com o desgoverno federal, e até que haja alguma distorção. Porque, em regra, a porcentagem dos que não dão bola para o futebol sempre ficou um pouco abaixo dos 30%, seja nas pesquisas do Datafolha, Ibope ou do extinto Gallup. Acima dos torcedores do Flamengo e do Corinthians, o que dá a medida de que o Brasil nunca foi o país do futebol, mas não mais da metade.
Na Argentina, por exemplo, dá Boca Juniors em primeiro lugar no interesse popular, seguido pelo River Plate e só aí aparece o contingente dos desinteressados.
Na verdade, o Brasil foi o país do jogo bonito, do beautiful game como diziam os ingleses, dos anos 1950 até o começo deste século, tantos gênios nasceram aqui ao mesmo tempo.
Fomos deixando de ser, exportando pé de obra, vendo a miscigenação invadir a Europa, a gestão se modernizar pelo mundo afora e aqui permanecer no século passado, até chegar neste ponto, a da intensidade dos jogos do nosso campeonato estar mais para sonífero do que para show de rock.
Que não tenhamos mais um tango em Itaquera como o do Maracanã na Cova América.
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