Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Flamengo paga o preço da arrogância por olhar apenas o próprio umbigo

O que a diretoria do clube está fazendo com o 'Mais Querido' é muito grave

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Em posição de força, com um timaço que encanta, dono da maior torcida do Brasil, o Clube de Regatas do Flamengo tinha tudo para se colocar em posição de vanguarda no futebol brasileiro e dar a ele novo rumo, moderno.

Não é o que faz. Muito antes ao contrário.

Ao se comportar como quem olha apenas para o próprio umbigo, os novos ricos que dirigem o “Mais Querido” conseguem a proeza de torná-lo o mais odiado.

Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, que defende a volta da torcida em seus jogos
Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, que defende a volta da torcida em seus jogos - Flamengo/Divulgação

Uma façanha digna de fazer Eurico Miranda gargalhar no túmulo, pioneiro que foi na arte de transformar o democrático Vasco em antipático.

Rodolfo Landim é a caricatura perfeita da elite brasileira, embora em clube de massa.

Vende a mãe se precisar, embora seja do tipo que não entrega, segundo o Ministério Público Federal que o denunciou por gestão fraudulenta e envio indevido de recursos ao exterior à frente do FIP Brasil Petróleo 1 —em lesão aos fundos de pensão Funcef, Petros e Previ, num rombo calculado pelo MPF em mais de 100 milhões de reais.

Ao se valer de liminar concedida pelo suspeitíssimo STJD, e fazer tábula rasa do regulamento da Copa do Brasil e do combinado pelos clubes do Campeonato Brasileiro, para ter torcida em seus jogos, Landim revela-se por inteiro.

É o experto, ênfase no x, que vira as costas aos seus pares e agrada o genocida a favor do quanto mais aglomerar melhor.

Já era sabujo, agora se sabe por diversos depoimentos, quando serviu ao governo de Dilma Rousseff e se desfazia em sorrisos e mesuras.

Não há quem goste de futebol, mesmo se for vascaíno, tricolor ou botafoguense, que deixe de arriscar um olho para apreciar a arte de Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gabigol e Bruno Henrique, para ficar só nos quatro.

Custava ir à reunião dos clubes e tentar convencê-los do acerto da posição rubro-negra?

É claro que cabe ponderar diante de tudo que se vê no Brasil, e pelo mundo afora, em que medida é perigosa a volta das torcidas.

Infelizmente também é claro que as respostas certas dificilmente virão do Ministério da Saúde ou da extravagante Anvisa, razão pela qual só há mais motivos para reunir e conversar em busca de solução comum. Mas não.

Landim e seus Red Caps acharam melhor dar um tratoraço e indignar seus (atenção, ironia!) coirmãos.

Por óbvio, o significado em prejuízo da isonomia é inaceitável e parece botar pá de cal na (natimorta?) liga de clubes.

Ironia das ironias: anos atrás, porque Juvenal Juvêncio, então presidente do São Paulo, traiu o Flamengo e o Clube dos 13, em torno da famosa Taça das Bolinhas, e na esteira da traição maior de Andrés Sanchez, do Corinthians, o Flamengo de Patrícia Amorim sepultou de vez a entidade.

O resultado do egoísmo, da arrogância, da absoluta falta de noção, da incapacidade de pensar no coletivo, pode até aprofundar a hegemonia da Gávea no mambembe futebol do Patropi, mas, seguramente, impedirá que saia da segunda divisão do Planeta Bola.

Com o que cada vez veremos mais crianças com as camisas de clubes europeus pelas ruas e escolas do país.

Em breve é bem possível ainda que vejamos Landim, também como fazia Eurico Miranda, com o discurso do contra tudo e contra todos, porque será a nova realidade imposta, não pela idiotice dos antis, simplesmente entre os amantes da bola.

Sob o risco de Landim acrescentar o detestável “Deus acima de todos”.

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