Dois anos atrás, pela primeira vez na Europa, quatro equipes da Premier League decidiram tanto a Liga dos Campeões quanto a Liga Europa: Liverpool e Tottenham fizeram a final principal e Chelsea e Arsenal a secundária, com vitórias dos Reds e dos Blues.
Eis que a América do Sul está em vias de ver também pela primeira vez a façanha ser repetida por quatro clubes brasileiros, na Libertadores e na Copa Sul-Americana.
Na primeira, o Flamengo encaminhou bem sua classificação para enfrentar o Atlético Mineiro ou o Palmeiras, em Montevidéu.
Ainda a capital uruguaia parece próxima de receber a final da Sula, entre Bragantino e Athletico Paranaense, ambos muito bem-sucedidos nos jogos de ida contra o paraguaio Libertad e o uruguaio Peñarol, respectivamente.
E o que tanto sucesso significa?
Antes de buscar resposta, constatemos que nos anos 2000 ficou banal a Liga dos Campeões da Europa ser decidida por dois times do mesmo país, nada menos que oito vezes.
Em três ocasiões entre espanhóis, com o Real Madrid enfrentando, e vencendo, o Valencia e por duas vezes o Atlético.
Outras três, entre ingleses, com o Manchester United, o Liverpool e o Chelsea superando, respectivamente, o Chelsea, o Tottenham e o Manchester City.
Uma vez o italiano Milan ganhou da Juventus e noutra o Bayern Munique sagrou-se campeão ao derrotar o Borussia Dortmund.
Na América do Sul o predomínio é brasileiro no quesito decidir a Libertadores.
Foram quatro decisões, todas também nos anos 2000, com apenas uma entre os argentinos River Plate e Boca Juniors e as demais entre os nacionais São Paulo e Atlético Paranaense, Inter e São Paulo e Palmeiras e Santos —como se sabe com o River, os tricolores, os colorados e os alviverdes campeões.
Se o Flamengo confirmar a vantagem obtida sobre o equatoriano Barcelona, pelo segundo ano seguido os brasileiros estarão na final, algo que nenhum país europeu conseguiu na Champions.
Talvez porque o real, apesar de todos os pesares, desequilibra mais a situação entre os sul-americanos.
Apenas como simbolismo, lembremos que o astro que brilhava no River Plate, Nacho Fernández, fez o gol para o Galo que antecipou a eliminação de seu ex-time, no Monumental de Núñez. E que David Terans, de puxeta, começou o que pode ter sido a eliminação de seu ex-Peñarol na derrota, no Uruguai, para o Athletico por 2 a 1.
A bem explorada Nação rubro-negra, a Crefisa, a MRV e a Red Bull fazem a diferença, além da gestão a ferro e fogo do Furacão.
Não que a diferença técnica seja abissal entre nossos times e os dos hermanos, mas a desproporção no tamanho das torcidas dos clubes brasileiros e os patrocínios pesam a favor do futebol do país que tem 210 milhões de habitantes, quatro vezes e um pouco mais maior que a Colômbia e a Argentina.
A bola não entra por acaso sabemos todos, apenas o dinheiro não garante o sucesso, embora ajude e muito.
Tudo isso para dizer que o colunista não está livre do risco de, na quinta-feira (30), quando as duas finais das copas continentais estiverem definidas, ficar com cara de tacho porque o Barcelona, o Libertad e o Peñarol "remontaram", como eles dizem, sobre Flamengo, Bragantino e Athletico e só sobrar um brasileiro entre os quatro finalistas.
Com o perdão do trocadilho infame, será uma soçobrada como nunca vimos.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.