Ser autossustentável tem sido o desafio recorrente dos clubes brasileiros graças ao antiquado modelo associativo que insiste em permanecer, às vezes mantido por mecenas, por patrocinadores que caem do céu, por parcerias suspeitas etc.
Embora baseado em sistema tão arcaico como o de seus concorrentes, o Flamengo conseguiu sanear suas finanças, montar um timaço e dar a sorte de trazer um treinador de Portugal que recuperou o gosto de vermos futebol bonito em nossos gramados. Quando tudo indicava o caminho de hegemonia duradoura, o que era doce já não é mais.
O calendário não colabora, as arbitragens são do nível da CBF, lesões afastam jogadores como o uruguaio De Arrascaeta, mas tudo isso estava presente em 2019 quando o clube da Gávea arrancou na direção de ser o Bayern Munique tupiniquim.
Ao vermos no panorama mundial a potência catalã afundar no mesmo modelo associativo e o Barcelona virar saco de pancadas, percebam a rara leitora e o raro leitor que situação curiosa: a temporada tanto de Flamengo quanto de Palmeiras depende de um único jogo, entre ambos, no dia 27 de novembro, em Montevidéu, quando um dos dois será tricampeão continental para se juntar aos outrora hegemônicos Santos, São Paulo e, menos, Grêmio —porque os gaúchos incapazes de dar as cartas no cenário nacional.
Por mais que a conquista da Libertadores salve o ano, é inegável que nenhum dos dois agradou em 2021, tantos foram os fiascos inadmissíveis para o tamanho de seus investimentos.
Pense no Flamengo se limitando a ter sido campeão estadual; imagine o Palmeiras a ver navios, sem título algum.
O alviverde às portas de ter uma presidenta, Leila Pereira, que precisou de uma fraude para chegar ao cargo; o rubro-negro com o presidente Rodolfo Landim, em vias de ser reeleito, apesar de ter prometido mudar o estatuto para proibir reeleições, réu em processo assustador, acusado de gestão fraudulenta em fundos de pensão que teria causado prejuízo na casa de R$ 100 milhões.
Enfim, como esperar alguma coisa diferente de gente sem pudor a ponto de apoiar a figura sinistra e patética, a que habitará ainda por mais um ano o Palácio da Alvorada, autora de crimes contra a humanidade e que chama a Torre de Pisa de torre de pizza?
Vivêssemos num país em que juízes e procuradores fossem punidos antes de enveredar, agora descaradamente, pela política, e muitos dos cartolas do Patropi teriam o mesmo fim de alguns que passaram pelo Barcelona.
Qual o quê!
Um do Vasco até já morreu, os do Cruzeiro estão por aí mais vivos do que nunca, outros do Corinthians idem ibidem, da CBF…
LUTAR, LUTAR, LUTAR
Chega em boa hora da história do Galo o filme que conta sua trajetória de glórias, derrotas, injustiças, acasos, sortes e azares.
Não espere imparcialidade, mas se prepare para ficar tocado.
Entre outras inúmeras qualidades, o filme não dá espaço à demagogia de marqueteiros e ouve atleticanos de verdade.
Aliás, ouve até corintianos.
DOUTOR SÓCRATES
Enfim, em bom português, pela editora Grande Área, chega às livrarias a biografia de Sócrates, a definitiva, escrita pelo jornalista escocês Andrew Donnie, com décadas de Brasil nas costas como correspondente dos principais jornais do mundo.
O Doutor por inteiro, sem exageros e sem panos quentes, como atesta o prefácio escrito por Raí.
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