Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Descrição de chapéu Copa Libertadores 2021

Palmeiras foi melhor que o Flamengo em final decidida no detalhe

Equipe alviverde superou a rubro-negra em partida disputada no Uruguai

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O torcedor palmeirense antifascista tem dois motivos para estar muito feliz: comemora o tricampeonato da Libertadores, o bi seguido, fato inédito no século 21 (o Boca Juniors, que era o último bi em 2000/2001, nos anos 2000, mas não no século 21), e livrou-se da demagogia do genocida que, na sexta-feira (26), na Vila Militar, no Rio, vomitou: "Amanhã somos todos Flamengo".

Não é pouca coisa. Aliás, é muita coisa.

Festejar o maior título do continente sem ter de compartilhar a alegria com quem é mais falso que nota de 3 reais.

E comemorar uma conquista verdadeiramente épica, depois de superar Atlético Mineiro e Flamengo.

Com disciplina tática, com imposição física, com coração durante 120 minutos agônicos, com o melhor goleiro do Brasil e com o detalhe, o imponderável a seu favor.

Quiseram os deuses da bola no Estádio Centenário premiar Mayke, o substituto do titular suspenso Marcos Rocha, com o passe perfeito para Raphael Veiga abrir o placar logo no sexto minuto em Montevidéu.

O adversário sentiu e se viu diante de um time que foi ao Uruguai a trabalho, não a passeio, como pareceu o primeiro tempo dos rubro-negros.

Abel Ferreira teve a coragem de escalar Gustavo Scarpa e Raphael Veiga, no que a maioria não apostava e o vizinho PVC cravou.

Depois, como era previsível, correu o risco de deixar os cariocas predominarem no segundo tempo até que Gabigol empatasse e desse a impressão de que, como em 2019, contra o River Plate, o Flamengo viraria para ser o novo integrante do fechado clubes de tricampeões continentais brasileiros.

Mas estava escrito que o 10° embate entre palmeirenses e flamenguistas, o mais importante deles, terminasse com o fim da escrita de invencibilidade rubro-negra. ​

A prorrogação, em fim de temporada, era sobre-humana.

Aí, o detalhe, o imprevisto, o acidente, deu o ar de sua graça com o vacilo de Andreas Pereira, para fazer de Deyverson o herói improvável, como Breno Lopes contra o Santos na decisão de 2020.

Ainda no princípio do primeiro tempo da prorrogação, o jogo estava liquidado, a decisão estava inscrita em letras de ouro em mais uma plaquinha, a terceira, no Santo Graal continental: Sociedade Esportiva Palmeiras - 2021 -, ao lado de Sociedade Esportiva Palmeiras - 2020 -.

Em jogo sem interferência da arbitragem, com o VAR felizmente calado, não há contestação possível sobre a superioridade paulista.

A concentração palmeirense desde o apito inicial não permitiu nenhum erro grave além do de Piquerez logo no início da finalíssima, que obrigou Weverton sair nos pés de Arrascaeta, por sinal, com grande atuação.

Entre tantos heróis alviverdes, impossível não citar o menino baiano Danilo, de apenas 20 anos. Como se fosse um Obdulio Varela, homenagem ao capitão negro da Celeste Olímpica na Copa do Mundo de 1950, foi impressionante a apresentação dele até não aguentar mais e ter de sair esfalfado e com cãibras.

Cabeça em pé como um periscópio, desarmes leais sempre na bola, personalidade de veterano, verdadeiro Almirante Negro, como João Cândido, às margens do Prata.

Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta.

O que ficou para trás, ficou para trás.

A hora será de comemorar e pensar no Mundial de Clubes, provavelmente só em fevereiro do ano que vem.

O Chelsea é o próximo favorito a ser batido.

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