Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Juca Kfouri
Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro 2021

Atlético-MG acabará com jejum de meio século no Brasileiro nesta quinta?

A chave de ouro seria festejar no Mineirão, no domingo, mas o torcedor não quer dar sopa ao azar

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Às 18h nesta quinta-feira (2), em Salvador, mais exatamente na Fonte Nova, o Clube Atlético Mineiro, se vencer o Bahia, porá ponto final num drama que já dura cinco décadas: será bicampeão brasileiro e repetirá, fora de Belo Horizonte, fora das Minas Gerais, a conquista de 1971, no Maracanã, no Rio de Janeiro, no primeiro Campeonato Brasileiro, quando derrotou o Botafogo por 1 a 0, gol de Dario, o Rei Dadá, de cabeça, aos 18 minutos do segundo tempo, diante de mais de 46 mil pagantes.

O Galo poderia ter comemorado o título sem jogar, caso o Flamengo não tivesse vencido o Ceará na terça-feira (30).

Convenhamos, não teria graça, embora o sofrido torcedor atleticano, que desconfia até da sombra, talvez diga que a hora não é de graça, ao contrário, custou muito caro para chegar.

Campeão da Libertadores de 2013, Cuca está perto de título inédito com o clube mineiro - Ueslei Marcelino - 28.nov.2011/Reuters

De fato, é compreensível que o torcedor não queira dar sopa para o azar.

Cada um tem seu modo de torcer.

O melhor, a chave de ouro, seria festejar no Mineirão, no domingo (5), diante da torcida, contra o cansado Bragantino, mas vai que o Flamengo ganha do Sport na sexta-feira (3), no Recife, e a diferença cai para cinco ou seis pontos.

Nem pensar!

O prudente será mesmo vencer o Bahia, por mais que possa significar o prenúncio da queda do tricolor para a Série B.

Porque a curtição da espera pela festa chegou ao limite. Para quem tem o sentimento permanente de perseguição, e agora até justifica pênaltis absurdos como a compensação para anos e anos de prejuízos causados pelas arbitragens, não dá mais para esperar.

Que a festa de metade das Minas Gerais comece na baía de Todos os Santos e se estenda até o domingo no Mineirão.

E que até lá o técnico Cuca faça o mínimo, peça desculpas para Sandra Pfaffli, a então menina suíça de 13 anos, vítima de violência sexual por parte dele e mais três colegas do Grêmio (Henrique, Eduardo e Fernando), em 1987, na cidade de Berna.

Se não tiver coragem para tanto, que ao menos deixe de usar camisetas com imagem de Nossa Senhora, porque chega a ser um escárnio.

O Galo merece o título como aquele time dirigido por Telê Santana mereceu. Merece também Hulk como Dadá Maravilha e Guilherme Arana, lateral-esquerdo como Oldair Barchi, o capitão de 1971 que fez o gol contra o São Paulo no jogo de abertura do triangular final.

E as mulheres do mundo merecem um gesto de arrependimento de Cuca.

O COLONIZADOR

O jornalista Paulo Massini, ex-companheiro de CBN, sempre vigilante e leal, ao saudar o fato de Abel Ferreira botar o dedo em quase todas as feridas do futebol brasileiro, do calendário à falta de profissionalização da arbitragem, da desobediência tática à dificuldade do jogador nacional em jogar sem a bola, não entende porque aqui, apesar do reconhecimento e, também, do enaltecimento aos méritos do português, se faz menção ao tom desnecessariamente colonizador das críticas dele.

Embora seja aspecto secundário diante da correção dos argumentos do lusitano, diz a boa conduta que na terra dos outros será prudente tomar cuidado com as palavras.

Há maneiras e maneiras de fazer as coisas até para ser mais eficaz.

Felipão, por exemplo, longe de ser um senhor de fino trato, ao dirigir a seleção portuguesa, em vez de puxar as orelhas do povo que não prestigiava o time, pediu bandeiras nas janelas.

Foi atendido. Foi um sucesso.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.