Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu basquete

Somos provocados a escolher melhores do ano, mas critérios variam

Jogar melhor é ter vencido mais? A eficácia se sobrepõe ao talento?

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A rara leitora e o raro leitor já ouviram falar da teoria do "er"? "Viver é escolher, escolher é perder, perder é sofrer".

Parece coisa de autoajuda, e espero que não seja, porque fato é que vivemos fazendo escolhas. E, por melhores que venham a ser, quase sempre envolvem alguma perda.

Não é o caso da falsa questão posta pelas sumidades que nos governam entre liberdade e morte quando se trata de vacinas.

Nem quando você se vê entre a decrepitude de Augusto Nunes, o Urubu de Taquaritinga, e a lucidez de Dorrit Harazim, minha rainha do jornalismo.

Ou se tiver de escolher entre Thiago Neves e Tostão.

Diferente é ter de optar entre pudim de leite e emagrecer ou Chico e Caetano.

Com escolhas e comparações a gente vai levando e acaba por desagradar até companheiros de lutas.

Certa vez, e não faz muito tempo, a intrépida Camila Mattoso me perguntou qual era o limite da "Frente ampla, tão ampla até doer" para enfrentar o fascismo em implantação no país, e respondi que nela Sergio Moro não cabia. Deu ruim para alguns, hoje talvez convencidos de que o varão de Plutarco tupiniquim é apenas uma varinha de empulhação ou, segundo sua conge, "uma coisa só" com o genocida.

Mas chega o fim da temporada, somos provocados a escolher os melhores do ano, e os critérios variam: jogar melhor é ter vencido mais? A eficácia se sobrepõe ao talento?

Messi, que levou a Bola de Ouro, não foi o melhor de 2021 - Franck Fife - 29.nov.21/AFP

Cada um tem seu modo de ver o jogo, e eu, que acho entender um pouco de futebol, raramente concordo com as escolhas.

Messi é melhor que Lewandowski? É, indiscutivelmente. Foi melhor em 2021? Não, não foi.

Eu votaria no polonês? Também não. Em quem, então?

Taí, tenho dúvida se no belga Kevin De Bruyne ou se no egípcio Mohamed Salah.

No entanto, o faz-tudo do Manchester City ficou em oitavo lugar, e o artilheiro do Liverpool, em sétimo na eleição da revista francesa France Football.

De Fórmula 1 não entendo quase nada e a acompanhei só quando havia brasileiros na parada —e foram longos anos.

Vi o último e decisivo GP do ano para torcer pelo incomparável cidadão Lewis Hamilton, e ele perdeu o título, na última volta, porque a vantagem de 11 segundos que tinha sobre o holandês Max Verstappen foi reduzida a nada, por causa de acidente no fim da prova. Ora, tenha dó! Baita injustiça que puniu o melhor.

Já de basquete também acho que entendo um pouco, voluntarioso pivô do Paulistano que fui na década de 1960.

E, se tivesse que escolher o melhor jogador da atualidade neste mundo de LeBron James, Kevin Durant, Chris Paul, tantos craques, não titubearia em escolher Stephen Curry.

Aliás, se comparações são feitas entre épocas diferentes, posições que nada têm a ver uma com as outras, nada impede que se diga que De Bruyne está para o futebol assim como Curry está para o basquete.

De Bruyne é o faz-tudo do Manchester City - David Klein - 4.dez.21/Reuters

Tudo isso para dizer, finalmente e por um bom período, que me dei conta de ter castigado a rara leitora e o raro leitor por quatro anos ininterruptos com três colunas por semana, certamente também porque a pandemia não estimulou o gozo de férias dentro de casa.

Uma boa pausa se faz obrigatória para, quem sabe, deixar alguma saudade e a expectativa pela volta quando o futebol, por aqui, voltar a ficar quente com o Mundial de Clubes.

Síndrome de abstinência não teremos porque a Premier League impede.

Ótimas festas e que 2022 seja o do fim da barbárie.

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