Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Não há motivo para acreditar em Ednaldo Rodrigues e na nova gestão da CBF

Os métodos usados para levar o presidente ao poder foram os mesmos de sempre

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"O segundo casamento é o triunfo da esperança sobre a experiência", dizia o ensaísta inglês Samuel Johnson (1709-1784).

Sobre o terceiro não se sabe o que ele pensou, se é que pensou alguma coisa. No mínimo, devia achar que era pura teimosia e daí para a frente, então, mero desvario.

Fotografia colorida mostra Ednaldo Rodrigues discursando ao microfone em um púlpito azul com o logo da CBF estampado em branco. Ednaldo é um homem negro de pele clara, tem cabelos pretos lisos e está vestindo um terno cinza azulado, com camisa azul clara e gravata azul marinho. Ao redor do seu pescoço, há um cordão verde e amarelo, como os de crachás. Ele apoia as duas mãos nas laterais do púlpito e olha para frente enquanto discursa.
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, discursa em sua eleição - Lucas Figueiredo - 23.mar.2022/CBF

Quando Ricardo Teixeira assumiu a CBF, em janeiro de 1989, houve quem acreditasse em seu discurso, aparentemente despoluído das velhas práticas, cristão novo que era no futebol, nunca nem sequer visto no Maracanã.

Teixeira era até capaz de chamar o clube para o qual diz torcer de Clube de Regatas Flamengo, sem o "do" que traz desde sua fundação, em 1895. Aliás, nasceu Grupo de Regatas do Flamengo e mudou, dado o seu crescimento, para Clube de Regatas do Flamengo em 1902. Sempre com o "do".

Quando o cartola banido pela Fifa abandonou a Casa Bandida do Futebol e deixou a cadeira para José Maria Marin, acreditou no sucessor só quem acreditava no boitatá.

Ali já não dava para a esperança vencer a experiência, porque o também banido Marin era exatamente da mesma laia, assim como quem o sucedeu, o igualmente banido Marco Polo Del Nero e, por penúltimo, quem sucedeu Nero, o assediador Rogério Caboclo.

Eis que, por último, temos Ednaldo Rodrigues, íntimo de Teixeira, parceiro de Nero até, ao que tudo indica, traí-lo.

Saibam a rara leitora e o raro leitor, nestes tempos em que é necessário tomar muito cuidado com as palavras e gestos, que Rodrigues não emplacará aqui o discurso de sua negritude como se lhe desse habeas corpus preventivo.

Para a coluna ele é e será tão branco como Teixeira, Marin, Nero e Caboclo. Tão merecedor de críticas como o infame presidente da Fundação Palmares.

Assim como são brancos todos os cartolas que o elegeram, principalmente os dos clubes, sob o pretexto de facilitar a fundação da Liga, algo que não poderia depender da vontade de nenhum cartola de federação estadual ou confederação.

É claro que, se, de fato, a eleição de Rodrigues significar o fim de Nero, a CBF terá dado um passo à frente, embora provavelmente em direção a abismo apenas diferente do de seus antecessores.

Quem acompanha há tanto tempo não pode se dar ao luxo de ter esperança.

Os métodos usados para levar Rodrigues ao poder foram exatamente os mesmos de sempre.

Ouvi-lo dizer em "purificação" do futebol brasileiro remete às águas do rio Tietê.

TRISTE AZZURRA

Tetracampeã mundial, seis vezes finalista e quando derrotada sempre para o Brasil, em 1970 e em 1994, a Itália está de novo fora da Copa do Mundo.

A Copa na Rússia já não foi a mesma sem a alegria dos tifosi e o futebol habitualmente pragmático da equipe azul.

Para o Qatar, depois da belíssima campanha que valeu o título da Eurocopa passada, a expectativa era a de reunir a alegria do gramado com a da arquibancada.

Mas um maledeto macedônio, Aleksandar Trajkovski, voltou a Palermo, palco do drama, para destruir o sonho italiano de lutar pelo penta, superar a Alemanha e se igualar ao Brasil.

Sim, voltou, porque defendeu o Palermo por quatro anos e até já havia feito o gol de empate da Macedônia, em Turim, nas Eliminatórias que tiraram a Azzurra da Copa de 2018.

Trajkovski! De tragédia, de trauma, de traidor, estraga prazer de quem queria ver todos os campeões no Qatar.

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