Olhemos para estes números sem olhar crítico: em 17 jogos, 14 vitórias e três empates, todos fora de casa, na Colômbia, na Argentina e no Equador.
Quarenta gols a favor, 2,35 por jogo, cinco contra, 0,29 gol por partida.
Treze jogos sem sofrer gols, só dois sem marcá-los, contra Colômbia e Argentina.
Cinco vezes o ataque fez quatro gols e uma vez, cinco.
Aproveitamento de 88,2%.
É impressionante. É muito.
Agora, olhemos criticamente, para tentar mostrar que é pouco.
O único empate aceitável foi o contra os argentinos, na casa deles, porque são os que podem fazer frente aos brasileiros. Os demais não servem para avaliar coisa nenhuma, embora devamos reconhecer as goleadas, o que uma equipe forte tem de fazer contra as fracas.
E chegaremos à conclusão de que os resultados nas Eliminatórias não valem como parâmetro para pensar na Copa do Mundo, onde os adversários serão os europeus e até mesmo os africanos, como Sérvia, Suíça e Camarões, logo de cara.
Dois dos três 4 a 0 contra Paraguai, Chile e Bolívia, nos três jogos que fecharam a campanha canarinha, são desprezíveis, fora o nas alturas de La Paz.
Tite, obviamente, não tem nada a ver com isso, fez o papel dele e não pode ser responsabilizado pela fragilidade dos adversários —era só o que faltava.
Por outro lado, é inegável que as goleadas finais foram divertidas, bem diferentes das apresentações quase sempre monótonas de boa parte da campanha.
Como não se pode negar que da primeira para a 18ª rodada apareceram protagonistas que mudaram a cara do time, ou porque cresceram, como Lucas Paquetá e Bruno Guimarães, ou porque refrescaram o clima aborrecido, como Rafinha, Antony, Vinicius Junior, Martinelli e Matheus Cunha.
Como sempre, cada um tem um time na cabeça, e na minha Guilherme Arana é titular, embora sua principal qualidade, a de apoiar, talvez seja dispensável diante da ofensividade de Vinicius Junior pela esquerda.
Goleiros o Brasil tem dois dos melhores do mundo.
A dupla de zagueiros é um colosso reconhecido internacionalmente, e, na defesa, só a lateral direita deixa a desejar.
Volantes, a começar por Casemiro, não faltam, e, de repente, atacantes há em profusão.
Certamente Tite sofrerá para escolher os 23 jogadores que irão ao Qatar e talvez como nenhum outro treinador torça para poder levar 26, com o que atenderá seu coração, por exemplo, em relação a Gabriel Jesus.
Parece praticamente nula a possibilidade de o técnico chamar mais algum jogador que atue no país, salvo se Renato Augusto evoluir a ponto de se impor, o que, no momento, soa improvável.
Hulk, Gabigol, Pedro, Everton Ribeiro, Dudu e Raphael Veiga pagarão pela falta de atestado europeu de eficácia, o que, nas atuais circunstâncias, é perfeitamente justificável.
Só o técnico francês, e campeão mundial, Didier Deschamps é mais longevo que Tite nas seleções já classificadas para a Copa do Mundo.
O brasileiro dá todos os sinais de saber como fazer num torneio de tiro rápido, em que não é possível insistir com quem não esteja dando certo, seja ele quem for.
Se valer também para Neymar —e ninguém está propondo que não o leve, mas, sim, que não lhe permita os privilégios vividos na Rússia—, é possível pensar em campanha auspiciosa no Qatar, mesmo diante do, hoje, amplo favoritismo francês.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.