Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Novo Danilo está destinado a honrar trajetória dos dois anteriores do nosso futebol

Além do alviverde, há dois Danilos com passagens marcantes em nosso futebol

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O primeiro foi Danilo (1920-1996), o Príncipe, carioca da gema, revelado pelo America de José Trajano, volante da seleção na Copa de 1950, campeão pelo Vasco do primeiro Campeonato Sul-Americano de clubes, em 1948, reconhecido pela Conmebol como equivalente à Libertadores, o que, no caso, faz sentido.

Também ganhou, pela seleção, a Copa América de 1949, além de ter sido tetracampeão carioca no Expresso da Vitória.

Vítima de atropelamento que causou 39 fraturas nas duas pernas, ao voltar ao futebol, depois de 18 meses, nunca se soube precisar, nem ele mesmo o fazia, se era destro ou canhoto.

Até como treinador fez a América, em 1963, quando surpreendeu o continente ao levar a seleção boliviana ao título da Copa.

O apelido já revela o estilo, a elegância com que desfilou pelos gramados entre 1939 e 1956. Quem o viu jogar não titubeia ao dizer que foi dos melhores de todos os tempos.

O segundo foi o mineiro Danilo Gabriel de Andrade, 42 anos, o Zidanilo, menção ao fabuloso meio-campista francês Zinedine Zidane.

Revelado pelo Goiás e campeão mundial pelo São Paulo e pelo Corinthians, ele é desses casos inexplicáveis por nunca ter vestido a amarelinha.

Além dos títulos da Libertadores em 2005 e 2012, e dos Mundiais nos mesmos anos, ganhou quatro vezes o Campeonato Brasileiro, uma pelo São Paulo e mais três pelo Corinthians.

De quebra, foi tetracampeão paulista e goiano, campeão da Série B pelo Goiás e tricampeão japonês pelo Kashima Antlers, além de campeão da Recopa Sul-Americana pelo Timão.

Canhoto, jogava com frieza e elegância impressionantes, embora, fisicamente, mais parecesse um técnico em contabilidade do que um jogador de futebol. Talvez por isso tenha contabilizado tamanha quantidade de títulos.

Finalmente, o terceiro é o baiano e também canhoto Danilo dos Santos de Oliveira, 21, volante do Palmeiras que Tite acaba de convocar pela primeira vez para a seleção.

Danilo (à esq.) comemora gol na decisão do Campeonato Paulista
Danilo (à esq.) comemora gol na decisão do Campeonato Paulista - Eduardo Knapp - 4.mar.22/Folhapress

Já tem duas Libertadores, uma Copa do Brasil, uma Recopa Sul-Americana e um título paulista, além de ter ganhado a Bola de Bronze pelo desempenho no Mundial de Clubes.

Segundo Tite, a atuação dele no Mundial acabou decisiva para a convocação.

Este novo Danilo, destinado a honrar a trajetória dos dois anteriores, ainda não tem apelido consagrador, mesmo que lembre o extraordinário Paul Pogba. Verdade que o francês é 14 centímetros mais alto.

Aliás, de tão esguio e altivo, cabeça sempre em pé como um periscópio, Danilo é também oito centímetros menor que o Zidanilo —e ninguém diria ao compará-los a distância.

É improvável que, com a concorrência dos experientes Fabinho, 28, do Liverpool, Fred, 29, do Manchester United, e Casemiro, 30, do Real Madrid, Danilo vá ao Qatar.

A convocação parece ter mais a intenção de começar a ambientá-lo ao clima que deverá frequentar após a Copa do Mundo. E, diga-se, compreensível não expô-lo a maior risco, como é aceitável a ausência de Raphael Veiga, 26, por ser clara a preferência de Tite em relação aos meio-campistas provados em gramados europeus.

Incompreensível é torcedor de clube brasileiro chiar pela não convocação de quem quer que seja de seu time.

Danilo ficará quatro jogos fora do Palmeiras no Brasileirão.

Como inaceitável foi deixar fora o atacante Neymar em 2010.

Ah, sim, tem ainda o Danilo, 30, da Juventus e da seleção.

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