Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Descrição de chapéu datafolha

Por que não um treinador de fora na seleção brasileira?

Xenofobia ou arrogância? Recusar estrangeiros não orna com a história do Brasil

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Revela o Datafolha que 55% dos brasileiros não querem um treinador estrangeiro como eventual substituto de Tite na seleção brasileira.

O notório José Maria Marin certa vez recusou a possibilidade de trazer ninguém menos que o catalão Pep Guardiola, o número 1 do mundo. O argumento era o mais rasteiro possível: "Somos pentacampeões mundiais com técnicos brasileiros".

Justiça se faça, tratava-se mais de arrogância que de xenofobia.

Guardiola (à esq.) e Klopp durante partida entre Manchester City e Liverpool
Guardiola (à esq.) e Klopp durante partida entre Manchester City e Liverpool - 31.jul.22/Xinhua

Até porque num país que destrata seus povos originários, e é repleto de descendentes de portugueses, italianos, japoneses, espanhóis, alemães etc, o preconceito contra estrangeiros é descabido.

Guardiola não seria bem-vindo? O alemão Jürgen Klopp? O italiano Carlo Ancelotti? Ora, sejamos sérios.
Nosso vôlei masculino, mesmo depois de ganhar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, beneficiou-se do intercâmbio com o coreano Young Wan Sohn três anos depois, embora tenha sido contestado pelos atletas.

Também o basquete masculino se beneficiou e voltou a disputar uma Olimpíada depois que trouxe o argentino Rubén Magnano, para os Jogos de Londres, em 2012.

Para não falar do handebol feminino, simplesmente campeão mundial em 2013 sob o comando do dinamarquês Morten Soubak.

E temos a sueca Pia Sundhage cuidando da seleção feminina de futebol, embora sob técnicos brasileiros tenha conquistado vice-campeonatos tanto em Olimpíadas quanto em Copas do Mundo.

Ela promete um time para fazer frente a qualquer um em dois anos, apesar de estar mexendo um pouco demais no jeito brasileiro de jogar bola, algo que jamais passaria pela cabeça de Guardiola, Klopp ou Ancelotti.

Ou de Jorge Jesus, basta ver o que fez no Flamengo. E também de Abel Ferreira, haja vista seu trabalho no Palmeiras.

Se o trio ítalo-catalão-germânico parece sonho de verão pelo tamanho do investimento, os dois lusitanos são perfeitamente possíveis no orçamento da CBF, como um foi no rubro-negro e o outro é no alviverde.

Quem puder contribuir para o progresso de qualquer atividade deve ser bem recebido independentemente da língua, desde que, é claro, se faça entender.

Guardiola, para ficar só num exemplo, tirou ano sabático para aprender alemão nos Estados Unidos e em sua primeira entrevista no Bayern Munique falou na língua de Goethe como se fosse a de Cervantes.

Bem-vindos os competentes.

Vice-campeão

O Flamengo engatou a sexta marcha e parte célere para ser, no mínimo, vice-campeão brasileiro.

As próximas três rodadas do campeonato serão decisivas para suas pretensões, porque o impressionante Palmeiras enfrentará, fora, o Corinthians e o Fluminense e, entre ambos, em casa, o próprio Flamengo.

Como este meio de semana será mais desgastante para o Palmeiras contra o Atlético Mineiro do que para o Flamengo diante do Corinthians, quem sabe?

Desrespeito

É impressionante como nenhum narrador de TV até hoje registrou a falta de educação do torcedor ao não dar bola ao Hino Nacional e ao minuto de silêncio nos estádios do país.

E, também, impressiona a falta de sensibilidade dos diretores de TV que, ao menos, poderiam cortar o som ambiente.

Orgulhos

Com razão, mestre Tostão se orgulha de ter jogado com Pelé e de ter sido entrevistado pelo Jô.
Com Pelé não joguei, mas fui motorista de Tostão na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.

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