Julianna Sofia

Jornalista, secretária de Redação da Sucursal de Brasília.

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Previdência

Sessenta dias

Temer seguirá obstinado em defender sua honra, incapaz de governar

Michel Miguel Elias Temer Lulia é quem concatena. “Eu não tenho casa de praia, eu não tenho casa de campo, eu não tenho apartamento em Miami, eu não tenho vencimentos de salários, a não ser aqueles absolutamente dentro da lei”, disse nesta sexta-feira (27) o presidente da República para refutar informação revelada por esta Folha.

A repórter Camila Mattoso mostrou que a primeira fase da investigação da Polícia Federal sobre o decreto dos portos indica que o emedebista teria lavado recursos de propina no pagamento de reformas nas casas da filha e da sogra e ainda camuflado transações imobiliárias para ocultar bens, registrados em nome da mulher e do filho. Até agora, a polícia mapeou R$ 2 milhões em recursos ilícitos oriundos da JBS e de uma empresa contratada pela Engevix.

A negativa do presidente cria um paralelo instantâneo entre ele e o ex-presidente Lula, como se Temer antevisse intento dos investigadores de embicar a narrativa das reformas e transações suspeitas de sua família na mesma direção dos casos do tríplex no Guarujá e do sítio de Atibaia. De quebra, há uma estocada no presidenciável Joaquim Barbosa, que comprou (e vendeu) um imóvel nos EUA em operação rumorosa.

A “perseguição criminosa disfarçada de investigação”, como o emedebista nomeia o trabalho em curso da PF, se estenderá por mais 60 dias —a não ser que seu queixume ao ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) por vazamento de informações à imprensa mude o curso natural da apuração. Os investigadores buscam elos mais contundentes entre os serviços prestados aos familiares do presidente e a propina. Devem ouvir na próxima semana a filha cuja casa foi reformada com desembolsos em dinheiro vivo. 

Nos dois meses até o provável desfecho da investigação da PF, Temer seguirá obstinado em defender sua honra, incapaz de governar. O prazo coincide com o calendário eleitoral previamente fixado pelo MDB para decidir sobre a descabida candidatura presidencial à reeleição.

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