Já não havia muito de benfazejo a ser divulgado pelo governo desde que Michel Temer foi soterrado pelos escombros da delação da JBS em maio do ano passado. Mas a partir deste sábado (7), o Palácio do Planalto deixa de contar com a fábrica de pequenos factoides, que mantinha viva —embora vã— a esperança de fazer do presidente da República uma figura menos impopular.
Com as restrições impostas pela legislação eleitoral, de hoje em diante aparições de autoridades e publicação de ações institucionais entram na esfera da propaganda com uso da máquina estatal, o que é vedado e leva a processos judiciais.
São várias as zonas cinzentas, com definições muitas vezes subjetivas, que já fizeram no passado assessor de comunicação na Esplanada dos Ministérios tirar dinheiro do próprio bolso para pagar multas à Justiça Eleitoral. Na dúvida, não divulgue.
Num “sprint” final, Temer usou a semana para uma superexposição diária: lançamento do plano de logística, financiamento da safra 2018/2019, programa de benefícios fiscais para o setor automotivo, microcrédito para baixa renda e novas regras para o saneamento.
Nada que fizesse sombra ao último ato da Operação Registro Espúrio —que investiga esquema de corrupção e fraude na liberação de certificado sindical no Ministério do Trabalho. A farra nos registros derrubou o desconhecido ministro da pasta, Helton Yomura, jogando estilhaços na cúpula palaciana devido a uma citação ao ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo).
A providencial nomeação de Eliseu Padilha (Casa Civil) para o ministério acéfalo foi a saída de emergência escolhida para conter mais desgaste —substantivo recorrente na narrativa temerista.
Impossibilitado de cumprir uma agenda espetaculosa, agora resta ao presidente mais tempo ou recluso intramuros no Planalto ou em convescotes internacionais com outros chefes de Estado. Não sobrou ao emedebista o sonho de erguer a taça do hexa com a seleção brasileira.
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