Com o resultado bem sucedido da atual política monetária na ancoragem das expectativas de inflação, o Banco Central de Ilan Goldfajn tornou-se alvo do flerte de campanhas presidenciais que tentam inocular no mercado e no empresariado a ideia de adesão ao pragmatismo e à moderação na seara econômica.
Fernando Haddad (PT) declarou-se ao presidente do BC. Disse gozar de relação pessoal com o economista e há relatos de encontros em que discutiram o sistema bancário. Emissários do ex-prefeito propagam pelo mundo político e econômico menções a Ilan como detentor do perfil ideal para comandar um Banco Central petista “market friendly”.
Jamais permaneceria na cadeira por razões muito óbvias: Como explicar aos companheiros do partido manter na linha de frente da equipe econômica de um eventual governo integrante da gestão do presidente-golpista Michel Temer?
Em outras campanhas, o nome do presidente do Banco Central também é laureado e chega a ser apontado como uma possível solução de continuidade para agradar os donos do dinheiro grosso.
Nesta semana, o BC manteve, pela quarta vez consecutiva, a taxa de juros básica em 6,5%. Jogou no ar dúvidas sobre a manutenção deste ciclo de estímulo monetário.
Fatores externos (guerra comercial EUA x China) e internos (incerteza eleitoral e descontinuidade da agenda de reformas) têm provocado a desvalorização do real. Por ora, não há efeitos maiores sobre os preços porque a economia anda de lado, e o setor produtivo trabalha com capacidade ociosa elevada. A projeção para a inflação deste ano se mantém dentro da meta.
No entanto, se preservadas as condições atuais de câmbio e juros, a taxa esperada para 2019 será superada, o que exigirá atuação do BC num horizonte próximo.
Na reunião de outubro para decidir o patamar dos juros, o Brasil já terá escolhido o novo presidente. Independentemente de empatia, o eleito pode ser obrigado a chamar o Ilan.
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