Até a atmosfera siderada que absorve a Esplanada dos Ministérios e arredores perder intensidade, parlamentares escolados nas práticas comezinhas da velha política e núcleos lobistas não sabem a quais guichês recorrer para encaminhar suas causas. Questão de tempo.

Com os esteroides que agigantaram o Ministério da Economia de Paulo Guedes, uma secretaria voltada à produtividade/competitividade deverá concentrar várias atribuições da atual pasta da Indústria e Comércio. Uma penca de departamentos que hoje se replicam na Fazenda e no Mdic será reorganizada sob um comando, tornando-se o novo endereço para queixumes e pleitos do setor produtivo.

Nesta semana, representantes de oito entidades do comércio e do setor de serviços já bateram à porta da futura lojinha, e a paúra das confederações de perder interlocução com o governo parece contornada.

O propósito da grande fusão formulada por Guedes é criar uma estrutura que sustente um sistema econômico liberal, com adoção de políticas complementares —antes de abrir a economia brasileira, é preciso reduzir tributos das empresas— e processos horizontais para aumento da produtividade —sem privilégios a campeões nacionais.

Jair Bolsonaro tenta controlar o poder de fogo dos partidos, forjando contato imediato de quinto grau com as bancadas temáticas do Congresso. Políticos tradicionais agouram a nova articulação. A resistência vem não só dos líderes das agremiações, que perdem cacife, mas de dentro das próprias frentes parlamentares. "Isso está causando uma ciumeira dentro do Congresso", afirmou em reportagem da Folha o líder da bancada da bala, Alberto Fraga.

O controle fluído dessas frentes é o xis do problema, assim como a performance do articulador Onyx Lorenzoni (Casa Civil). Guedes começou a negociar diretamente votações vitais, como a do Orçamento 2019. O fracasso do político pode bonificar o economista. Aos parlamentares, bastará trocar de endereço.