Julio Wiziack

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Julio Wiziack
Descrição de chapéu

Nas mãos do Congresso

Temer tenta jogar no colo de Maia a responsabilidade de encaminhar votações no Congresso

Brasília

O país terá de esperar pelo próximo presidente para que decisões importantes sejam tomadas pelo Congresso. “Este é um ano legislativo atípico por causa de eleição, festa junina e Copa”, disse à Folha o atual ministro do Trabalho, Helton Yomura, ao explicar a ginástica que terá de ser feita para regulamentar pontos controversos da reforma trabalhista que estavam em uma medida provisória enviada ao Congresso e expirou nesta segunda-feira (23).

 

A naturalidade da declaração do ministro Yomura chega a ser constrangedora levando-se em conta que parlamentares recebem salário pago pelos contribuintes para trabalharem em nome do interesse coletivo.
Na quinta-feira (19), só 320 dos 513 deputados votaram na sessão que discutiu o cadastro positivo, projeto do governo que permitirá o acesso a ofertas de crédito com juros mais baixos para bons pagadores.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teve de interromper a votação porque os deputados começaram a bater em retirada para seus estados por volta das 18h. Parlamentares do PSB, por exemplo, retiraram-se no meio da sessão para participar de um jantar do partido.

Caso Maia seguisse com a votação do texto, o placar inicial de 279 votos a favor da medida corria o risco de baixar a ponto de comprometer o projeto, que seguiria para o arquivo.

Praticamente paralisado no Congresso, o presidente Temer tentará jogar esse custo político no colo de Maia. Presidenciável, Maia defende sua própria pauta de projetos na Casa para se cacifar nas eleições.

Mesmo sabendo disso, Temer terá de enviar ao Congresso um Orçamento para 2019 com um buraco muito maior do que o previsto. Ele precisará de aval da Casa para tomar empréstimos e pagar despesas, algo que está proibido por uma lei elaborada pelo próprio presidente e sua equipe econômica para garantir o cumprimento do ajuste fiscal.

Sem isso, não só faltará dinheiro como as contas do presidente poderão ser condenadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

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