Julio Wiziack

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Samba manjado

Bolsonaro usa estratégia de enfraquecer instituições que vão arbitrar eleições

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No carnaval tardio deste ano, o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) sambou na cara do Supremo. Dado o comportamento afrontoso demonstrado antes e durante o julgamento, é de se desconfiar que já sabia do indulto que Jair Bolsonaro lhe concederia pelos ataques contra ministros e o próprio STF.

O episódio é inédito, mas a estratégia do presidente é a mesma de sempre. Não comprou briga dessa magnitude para proteger os direitos de um deputado inexpressivo. Busca enfraquecer a Corte mais alta do país no ano em que ela própria e o TSE vão arbitrar as eleições mais desafiadoras da Nova República.

De pé, o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), no plenário da Câmara dos Deputados, no dia de seu julgamento pelo STF
O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), no plenário da Câmara dos Deputados, no dia de seu julgamento pelo STF - Gabriela Bilo -20.abr.22/Folhapress

O bolsonarismo, agora no comando na máquina federal, tenta se perpetuar no poder com as mesmas armas de 2018: fake news e uma ampla campanha contra as instituições democráticas e a confiabilidade das eleições.

Nada mais ardiloso que desferir, de quando em quando, um golpe na credibilidade daqueles que têm a missão de resguardar a lisura do processo, pregando-lhes a pecha de débeis e parciais.

Com a graça destinada ao congressista, Bolsonaro sinaliza para a sua horda que não haverá consequências graves em disseminar discursos de ódio, mentiras e ideias antidemocráticas nem no ano das eleições e nem nos demais.

E arregimenta sua tropa para salvar outros aliados que sofreram ações da Justiça de 2018 para cá. A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) tenta anistiar investigados no Supremo por disparar fake news, organizar atos contra a democracia e ofender autoridades e instituições.

Seriam beneficiados, por exemplo, o blogueiro Alan dos Santos, hoje foragido, e o ex-presidente do PTB Roberto Jefferson, condenado no mensalão. A investida, se exitosa no Congresso, trará o mesmo resultado do caso Silveira.

Bolsonaro já saiu vitorioso no evento. Se a cúpula do Judiciário reagir com firmeza, poderá gerar uma crise incontornável. Se ficar na moita, a fotografia será a de um Poder desautorizado.

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