Os motivos para a intensa e desavisada demanda para o embelezamento corporal vêm sendo estudado há vários anos.
Na última edição da revista Jama Dermatology, Amanda Maisel e colegas de 13 clínicas dermatológicas americanas descrevem as motivações de 511 pacientes para se submeter a procedimentos cosméticos minimamente invasivos. Pouco mais de 86% eram do sexo feminino, 91,8% tinham nível universitário e a maior parte (56%) tinha mais de 45 anos.
Os pacientes procuraram o procedimento para adquirir aparência jovial e atrativa, além de possibilitar melhora na aparência física. Os pacientes abaixo dos 45 anos preocupavam-se mais em prevenir expressão de envelhecimento.
No Journal of Royal Anthropological Institute, Alexander Edmonds aborda a cultura da beleza com seu trabalho intitulado “O pobre tem o direito de ser bonito: cirurgia cosmética no Brasil liberal”.
Para Edmonds, a cirurgia plástica estimula desejos de um consumidor marginal da economia de mercado ao mobilizar o mito da beleza, no marketing e na prática clínica. Exemplifica: enquanto meninos pobres sonham tornar-se atletas profissionais, meninas carentes sonham transformar-se em modelos famosas.
O mercado de trabalho, por sua vez, valoriza a beleza de seus empregados e se beneficia dela —é o caso de uma loja, por exemplo, que busca tornar o atendimento aos clientes mais agradável ou glamoroso.
Edmonds refere ainda que os cirurgiões plásticos alegam apenas seguir o desejo do paciente. Esse desejo, explica, é mobilizado pela mística da medicina moderna, novas noções sobre saúde e as grandes mudanças nos relacionamentos sociais e sexuais.
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