Diariamente morrem 11 adolescentes no Brasil. Essas mortes, sem relação com doenças infecciosas, são provocadas por armas de fogo.
A violência observada em adolescentes por arma de fogo é analisada por Isabela Vitral Pinto e colaboradores na Revista Brasileira de Epidemiologia, que concluem ser este um grave problema de saúde pública.
No período 2011 a 2017, segundo o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde), foram 1.429.931 notificações obrigatórias de violência no Brasil.
Desse total, 59.095 foram agressões por arma de fogo, constando 30.103 (50,9%) em adolescentes, com a “média de 11 adolescentes alvejados a cada dia no Brasil”.
As taxas de mortalidade por arma de fogo predominam na faixa etária dos 20 a 24 anos, seguida pela faixa de 15 a 19 anos.
Os autores citam estudo canadense que compara a mortalidade por arma de fogo em Estados Unidos, México, Colômbia e Brasil.
Apesar de o Brasil e os Estados Unidos apresentarem as maiores taxas de morte da população negra por arma de fogo, a raça é a maior causa nos Estados Unidos, enquanto no Brasil a causa é o baixo índice educacional —isto é, menor escolaridade nessa fração da população (Lancet Public Health 2019, A. J. Dare e colaboradores).
Finalmente, quando não ocorrem as mortes, permanecem as sequelas dos tiros, das lesões e dos ferimentos incapacitantes, assim como os problemas emocionais ocasionados pelas agressões.
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