O médico Anthony Fauci, autoridade internacional na sua área de pesquisas em doenças transmissíveis, está se aposentando do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, onde foi diretor nos últimos 38 anos.

Em entrevista à médica Kirsten Bibbins-Domingo, editora-chefe do Jama, a revista oficial da Associação Médica Americana, explicou, entre outros temas, como se tornar um bom comunicador de ciência.

Recentemente, Fauci teve de lidar com os negacionistas, grupo com cópia em nosso meio e que nega a realidade dos fatos. Ele recomenda que os cientistas devem ficar com os dados obtidos e com a ciência de forma consistente.

O exemplo dessa consistência foi dado quando Fauci contradisse publicamente o ex-presidente Trump, de quem era conselheiro-médico.

Trump afirmava que a hidroxicloroquina era a nova cura da Covid, o que não tinha respaldo de nenhum dado científico.

Fauci recomenda não desrespeitar as autoridades governamentais, mas manter sua própria integridade científica e responsabilidade para com a população.

Ela depende do cientista e do especialista em saúde pública para conhecer os fatos e poder interpretá-los. A população espera que cientistas e autoridades da saúde pública divulguem recomendações e diretrizes, como se observou nos primeiros anos do HIV e nas primeiras semanas do surto de Covid.

Mas deve-se deixar claro para a população, insiste Fauci, que "até onde sabemos é a informação que temos agora e, portanto, é a nossa interpretação atual". Deve-se enfatizar que em pandemia a situação pode mudar quando novas evidências surgirem.

A comunicação, explica Fauci, deve ser apresentada com precisão de pensamento e economia de palavras. Isto é, saber qual é a sua população-alvo e dizê-la de forma concisa e clara.

Para Fauci, a tendência anticientífica atual não durará muito tempo porque a verdade sempre vem à tona e vence.