Katia Rubio

Professora da USP, jornalista e psicóloga, é autora de "Atletas Olímpicos Brasileiros"

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Katia Rubio

Formigas e abelhas provam que o trabalho em equipe faz a diferença

Metáforas à parte, o esporte ainda tem muito a aprender em matéria de mobilização conjunta

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São Paulo

Há muitas cenas mágicas na natureza. Mas, nada é mais intrigante à empáfia racional humana do que a capacidade das formigas ou das abelhas de trabalhar em conjunto.

Não gastarei meu tempo a falar do bem bom em que vive a rainha do formigueiro ou da colmeia para não perder a oportunidade de falar sobre a força de uma ação conjunta.

Quem já teve um formigueiro em casa sabe do que estou falando. Juntos, aqueles pequenos seres são capazes de desfolhar uma árvore em poucas horas. Carregam pedaços muito maiores do que os próprios corpos. Escolhem com precisão as coisas que possam se tornar combustível e sustentar um emaranhado de túneis, em diferentes níveis de profundidade, que chegam a ter o tamanho de uma casa. 

Treino da seleção feminina de handebol em São Bernardo para amistoso com a República Dominicana, em 2014
Treino da seleção feminina de handebol em São Bernardo para amistoso com a República Dominicana, em 2014 - Danilo Verpa - 30.jan.2014/Folhapress

Esse é o poder da união. O instinto de sobrevivência fez esses pequenos seres serem o terror de grandes e inteligentes humanos.

Metáforas à parte, é possível observar que sempre que pequenos grupos se organizam eles rapidamente conseguem ser produtivos. No esporte essa é uma lição que custa a ser aprendida.

Sou levada a crer que a competição que mobiliza o atleta na busca por um lugar no time o leva a negligenciar a necessária convivência em coletivos. Nas modalidades individuais isso também é fato, uma vez que ninguém treina ou compete sem a referência do outro.

Aliás, a competição esportiva nasceu para ser um fenômeno de auto superação e não de aniquilação do adversário.

Uma das máximas da psicologia dos grupos esportivos é que um time vencedor não é feito da soma dos melhores valores individuais, mas da boa relação entre todos os integrantes da equipe. Não há gol sem passe. Impossível um ataque de meio sem uma levantada precisa. Que dirá uma cesta decisiva sem uma boa assistência.

Além de uma boa relação interpessoal a formação de uma liderança sadia colabora para que se chegue aos tão desejados títulos. Ou seja, o sucesso no esporte não depende apenas das habilidades motoras excepcionais. É preciso dedicação à formação humana de todos os envolvidos. Por isso reafirmo que o maior legado de qualquer evento esportivo é o atleta, seja pelo espetáculo produzido, seja pelo exemplo que ele transmite como ator social.

Observo com atenção o movimento de resgate da comunidade do handebol. Modalidade das mais praticadas nas escolas brasileiras, está em quadras e praias. Conta com uma seleção feminina campeã do mundo e Duda já foi eleita a melhor do mundo. Conheci em Santa Catarina um município com 7.000 habitantes que conta com quatro atletas olímpicos.

Esporte coletivo e popular viveu a síndrome do poder único tão comum entre dirigentes. Na época das vacas gordas e pastos cheios teve patrocínio e até trouxe para o Brasil um campeonato mundial, momento em que se perdeu não um título, mas a chance de dar visibilidade à modalidade.

Os tempos mudaram. Presidente afastado, patrocínios perdidos. Até que os atletas resolveram se mobilizar, como fazem as formigas em situações de emergência, afinal o formigueiro depende integralmente delas. Um campeonato mundial masculino se aproxima. E essa geração de Atletas pelo Handebol vai à luta. Pelo handebol. Pelo esporte. Pelos atletas. Pelo passado de uma modalidade que já foi muito mais praticada do que é hoje. Afinal, time é isso. A união faz a força.

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