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Um ano da posse de Joe Biden

Tratamento da crise sanitária e da economia pela nova administração tornaram-se alvo de críticas dos trumpistas

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José Maria Ramos

Doutor em ciência política e sociologia pelo Instituto Universitário Ortega y Gasset (Espanha)

A eleição do presidente Joe Biden em 2020 se deu no meio de uma extrema polarização da sociedade norte-americana, e a eleição é considerada como uma das mais disputadas da história dos Estados Unidos.

Uma das consequências dessa polarização foi a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, por um grupo de apoiadores do presidente Donald Trump.

Após esse choque para a estabilidade da democracia estadunidense, Biden tomou finalmente posse, no dia 20 de janeiro.

Passado um ano, o país retomou à estabilidade, e a conjuntura atual se apoderou da agenda de governo de Biden.

Apesar da polarização extrema ter sido deixada de lado, o tratamento da crise sanitária e da economia pela nova administração tornaram-se o alvo de críticas por parte dos trumpistas.

O desenvolvimento e os efeitos da pandemia estão pondo em xeque o primeiro ano da gestão de Biden. Em especial, pela contradição de que a crescente disponibilidade de vacinas não se tem traduzido num aumento da vacinação da sociedade.

Em 19 de janeiro, os Estados Unidos contavam com apenas 63,5% da população totalmente vacinada e uma média de mais de 2.000 mortes nos últimos sete dias, em 20 de janeiro.

Embora a prioridade do governo seja enfrentar o aumento das infecções devido aos efeitos da variante ômicron, dois meses após o aparecimento dela, os Estados Unidos estão experimentando um aumento crescente das infecções, com uma média de 720 mil por dia nas últimas duas semanas, de acordo com o Our World in Data.

Isso, no entanto, não impediu a diplomacia de vacinas do governo Biden, que até agora doou quase 55 milhões de doses à América Latina e ao Caribe e forneceu mais de US$ 614 milhões para fortalecer políticas frente à pandemia na região.

O presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca; ele veste camisa, paletó e gravata e usa óculos escuros e máscara de proteção contra o coronavírus
O presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca - Tom Brenner - 10.fev.2022/Reuters

Outro tema que tem sido alvo de críticas por parte da oposição no primeiro ano do governo tem sido o fluxo crescente de migração irregular.

O número de migrantes procedentes do Triângulo Norte da América Central aumentou em 44% e o de mexicanos, em 28%.

No ano fiscal que terminou em 30 de setembro de 2021, foi registado um total de 1,72 milhão de apreensões de migrantes e solicitantes de asilo, o número mais elevado registrado até a data, segundo a Oficina de Aduanas y Protección Fronteiriza.

Esse crescimento histórico dos fluxos migratórios irregulares é uma consequência da flexibilidade da política migratória da nova administração.

Nesse sentido, outra das estratégias do novo governo foi promover uma política de desenvolvimento nos países que compõem o Triângulo do Norte: Guatemala, El Salvador e Honduras.

Com essa proposta, pretende-se atender as causas da migração, que é um processo a médio e longo prazo.

A questão da política antidroga recebeu certa atenção na América Latina, considerando que em abril de 2021 foi revelado o plano nacional antidroga do governo Biden, que propõe uma nova abordagem de saúde pública em relação aos principais países produtores de cocaína.

Nesse sentido, a retórica de Biden retomou a cooperação para a América Latina, marcando uma mudança de rumo com a anterior administração, de Trump.

Além disso, a administração impôs sanções específicas a indivíduos e entidades implicados em corrupção e violações dos direitos humanos e concedeu a extensão do Estatuto de Proteção Temporária (Temporary Protection Status - TPS) aos imigrantes elegíveis.

Finalmente, a agenda das alterações climáticas, ausente na agenda de Trump, tem sido prioridade da agenda interna, bilateral e internacional de Biden.

No marco da Cúpula de Líderes da América do Norte, celebrada em novembro, os dirigentes comprometeram-se a acelerar a implementação de energias renováveis na América do Norte. Isso inclui assistência técnica e partilha das melhores práticas.

Uma estratégia prioritária para o governo dos EUA é acelerar a transição para o transporte sustentável, o que inclui a fabricação de veículos elétricos.

Apesar das desavenças entre os democratas e os republicanos, no início de novembro, ao abrigo de um acordo bipartidário em que 13 republicanos votaram a favor, foi aprovado um orçamento de US$ 1,2 trilhão para infraestrutura.

Esse projeto de lei financiaria estradas, pontes, aeroportos, portos, sistemas ferroviários e a expansão do serviço de internet de banda larga, entre outros itens.

Estão pendentes de aprovação no Congresso a proposta de infraestrutura da rede de segurança social e os programas de combate às alterações climáticas.

Recentemente, um dos aspectos mais sensíveis para o governo e a oposição é o aumento da inflação, que em novembro subiu para 6,8%, o índice mais alto no país em 39 anos, segundo dados do US Bureau of Labor Statistics.

Essa escalada nos preços deve-se a limitações nas cadeias de abastecimento e à crise energética.

Contudo, a gestão governamental foi o centro das críticas por parte de Trump num comício no Arizona, no marco do início da sua campanha de apoio aos candidatos republicanos ao Congresso.

À medida que avançam as campanhas intermediárias de novembro de 2022, as divergências entre o governo democrata e o partido republicano irão sendo aprofundadas em temas como a vacinação e a gestão da pandemia em geral, a recuperação econômica, a inflação, a migração irregular e o aborto.

Essas questões serão decisivas nas próximas eleições intermediárias, de 8 de novembro, e provavelmente favorecerão o partido republicano nas urnas.

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