Laura Mattos

Jornalista e mestre pela USP, é autora de 'Herói Mutilado – Roque Santeiro e os Bastidores da Censura à TV na Ditadura'.

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Do ensino integral à cocaína

Plano pretende conectar aluno com o século 21 acrescentando à carga horário 15 minutos por dia

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O Brasil tem matemática para tudo. O programa anunciado para 2020 por Doria com o pomposo nome de Inova Educação promete que irá "conectar o aluno com o século 21" e levá-lo a desenvolver um "projeto de vida" acrescentando à carga horária das escolas estaduais 15 minutos por dia. Quinze minutos.

Essa foi a resposta do governador paulista à Base Nacional Comum Curricular, documento que determina, além do conteúdo obrigatório, que a formação contemple habilidades como empatia e pensamento crítico.

Na rede privada, essa equação tem outras soluções, e duas experiências de ensino integral em escolas de elite de São Paulo evidenciam o abismo entre quem depende dos 15 minutos e quem pode pagar (muito). Das atividades extracurriculares à la carte, formato já disseminado, parte-se para a noção de que a permanência maior do aluno, mais do que ser conveniente às famílias, deve servir à proposta pedagógica.

O tradicional colégio São Luís trocará a sede que ocupa desde 1907, próxima à avenida Paulista, por uma construída em frente ao parque Ibirapuera para oferecer exclusivamente ensino integral. Em uma área verde de 15 mil m2, os estudantes terão acesso a visões da educação que levam em conta da alimentação saudável até o tempo em que eles devem ficar sem fazer nada.

A escola Móbile, uma das líderes do Enem, ergueu em seu endereço, em Moema, um prédio de 11 mil m2 só para o integral, com currículo diferente do regular, que busca as melhores combinações de aulas, de química a dança, de história a games. O conceito tem preço: R$ 5.500 a R$ 6.600 por mês na Móbile; R$ 3.300 a R$ 5.900 no São Luís.

Para a rede pública, o Plano Nacional de Educação estipula como meta que 25% dos alunos estejam no integral até 2024. Será viável, se hoje são cerca de 10%? Por ora, o ministro da Educação usa a matemática para fazer piada com os 39 quilos de cocaína encontrados no avião da comitiva presidencial.

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