Laura Mattos

Jornalista e mestre pela USP, é autora de 'Herói Mutilado – Roque Santeiro e os Bastidores da Censura à TV na Ditadura'.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Laura Mattos

Usar celular ou abraçar árvore?

Pedagogia Waldorf, de fama hippie, tem pilares atraentes para colégios tradicionais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Da fama de hippie, a pedagogia Waldorf, que completa cem anos, é hoje mencionada como inspiração até pelas mais caretas das escolas. Alguns dos pilares existentes desde a sua fundação, na devastada Alemanha pós-Primeira Guerra, tornaram-se atraentes para colégios tradicionais que buscam dar conta da demanda por uma formação mais abrangente.

O aprendizado interdisciplinar é um deles. Na Waldorf, a matemática, por exemplo, surge na amarelinha, nas aulas sobre o Egito e no tricô. Outro é o autoconhecimento, cultivado no incentivo às artes manuais, ao movimento corporal e ao contato com a natureza. Não faz tempo que esses eram conceitos “alternativos”. Agora são ofertados como diferencial por quem martelava o marketing do “ensino forte”.

Mas tem algo da Waldorf que é visto como extraterrestre: o fato de ser contra o uso da tecnologia na infância. O entendimento é o de que a criança precisa se desenvolver antes de ser exposta às telas, a fim de que possa dominá-las, ao invés de ser controlada por elas.

Na maior parte dos colégios de outras linhas, quanto mais cedo, melhor, e os tablets invadem até o ensino infantil.

A Federação das Escolas Waldorf do Brasil, com 88 filiadas e 180 em processo de filiação, tem convicção de que o cenário mudará em breve, diante dos prejuízos causados pelo excesso de tecnologia.

Os problemas são mesmo inegáveis. Em resposta à crescente demanda de famílias desesperadas, o Hospital das Clínicas se prepara para atender adolescentes dependentes de tecnologia a partir do segundo semestre. Os sintomas se assemelham aos do vício em álcool e drogas, como ansiedade, depressão, agressividade e abandono dos estudos.

Se executivos de empresas de tecnologia do Vale do Silício estão matriculando os filhos em escolas Waldorf, cabe devanear com um futuro em que, pedagogias à parte, dar celular para bebê soará mais exótico do que abraçar uma árvore.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.