Laura Mattos

Jornalista e mestre pela USP, é autora de 'Herói Mutilado – Roque Santeiro e os Bastidores da Censura à TV na Ditadura'.

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Mesmo em isolamento, crianças precisam ter contato com a natureza; veja dicas

Olhar o céu ou insetos e aves pela janela, cuidar de animais domésticos e de plantas e tomar sol e ar fresco, quando possível, são atos que fazem diferença

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Claro que tem hora que só o videogame salva nesta quarentena do coronavírus, mas é preciso, de algum modo, tentar conectar as crianças com a natureza durante o confinamento, ainda que estejam trancadas no mais minúsculo apartamento.

Um movimento internacional dos últimos anos vinha acumulando pesquisas sobre a importância dessa conexão para a saúde, especialmente na infância e na adolescência.

Nesse debate, amplo nos EUA e na Europa e que se fortalece no Brasil, batizou-se de “transtorno de déficit de natureza” um fenômeno observado entre crianças e adolescentes, especialmente em áreas urbanas, relacionado ao agravamento de problemas no desenvolvimento, a ansiedade, distúrbios alimentares e dificuldades escolares.

A orientação dos militantes dessa causa é “desemparedar”. As escolas precisam ter áreas verdes, se abrir para as ruas, levar os alunos a parques. As famílias devem buscar oportunidades para pisar na terra, estar perto de plantas e de animais.

E, então, a pandemia nos emparedou por completo. Mas, para usar uma expressão que se tornou clichê destes dias sombrios, há luz no fim do túnel.

Defensores do “desemparedamento” debruçam-se na busca de sugestões a fim de ampliar a conexão com a natureza entre quatro paredes, uma vez que novas pesquisas já apontam, como era esperado, para o agravamento do transtorno de déficit de natureza.

No Brasil, o projeto Criança e Natureza, do Instituto Alana, lançou um manual para a pandemia, com dicas para educadores e para as famílias. Há ainda links para estudos dos reflexos do confinamento para as crianças, além de cursos com lives.

As práticas sugeridas não são mirabolantes, ao contrário. Reforçam que ideias simples fazem toda a diferença neste cenário de vulnerabilidade para a saúde física e mental.

Dentre as propostas para as famílias, estão observar aves e insetos pela janela, olhar para o céu em diferentes momentos do dia buscando mudanças climáticas, formas das nuvens, arco-íris, brincar com bichos de estimação e cuidar deles, explorar vasos, tratando das plantas, adubando, replantando, além de tomar ar fresco e sol sempre que possível.

Professores, segundo o manual, podem abordar desde a alimentação no confinamento até levar os alunos a “viajar” para o lado de fora de casa, questionando-os sobre o que lhes faz falta do mundo externo, ou se aprofundamento em reflexões sobre a passagem do tempo e o conceito de que a natureza está dentro de nós.

Para pais e educadores, há a orientação de “usar a tecnologia a favor”. Pondera-se que o acesso a ela é desigual, o que leva a pandemia a aprofundar as diferenças sociais. Mas os que têm esse privilégio devem refletir sobre um uso mais saudável.

O projeto Criança e Natureza defende que, mais do que o tempo que se passa em frente às telas, deve-se considerar a qualidade do que se consome.

Uma hora jogando em um aplicativo grátis, alerta, é bem diferente do que assistir a um documentário sobre a vida selvagem. E, já que não podemos derrubar muros e cruzar fronteiras de fato, embarquemos no Google Earth, por exemplo, para viajar.

Poderá ser só divertido, mas é provável que as crianças vejam sentido na aventura que é olhar para o mundo hoje.

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