Leandro Narloch

Leandro Narloch é jornalista e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outros.

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Leandro Narloch

O que os ministros do STF realmente querem dizer quando dizem...

“Peço venia ao eminente relator para discordar.” 
O relator falou bobagem. 

“Data venia.”
Com licença.

“Data maxima venia.”
Escuta aqui, queridinho.

“Peço vista.”
A bola é minha e vou levar pra casa se não ganhar.

“O dispositivo viola os princípios constitucionais.”
Não está na Constituição.

“A interpretação literal não é o melhor caminho hermenêutico para a compreensão da regra constitucional.”
Não está na Constituição, mas não estou nem aí.

“A interpretação do dispositivo à luz da melhor doutrina determina que...”
Vou interpretar a Constituição conforme a pressão popular e da imprensa.

“O princípio da colegialidade leva à observância desta orientação, ressalvada minha compreensão pessoal a respeito.”
O que o pessoal decidiu está bom para mim.

“Gostaria de suscitar uma questão de ordem.”
Vou esculhambar essa discussão.

“Vossa Excelência avalie a repercussão que isso terá para a magistratura como um todo.”
Imagina quantos memes sobre a gente a turma vai compartilhar no WhatsApp.

“Como nos ensina primorosamente o eminente doutrinador…”
Vou citar alguém só para enriquecer minha argumentação.

“Após trânsito em julgado.” 
Nunca.

“Em princípio, a homologação do relator é hígida e válida sob todos os aspectos. Mas, se o plenário, após a coleta de provas, sob o crivo do contraditório, constatada a irregularidade insanável, não posso ter em sã consciência que possamos ficar silentes quanto a isso. A última palavra relativa à legalidade e constitucionalidade das cláusulas é do colegiado.”
Não vem querer decidir tudo sozinho.

“Pela ordem!”
É a minha vez de falar, poxa!

“Vivemos tempos de intolerância e de intransigência contra pessoas e instituições. Por isso esse é um tempo em que se há de pedir serenidade.”
Calma! Peguem leve se a gente soltar o Lula.

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