Leandro Narloch

Leandro Narloch é jornalista e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outros.

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Descrição de chapéu Ásia

Livros didáticos de História omitem genocídios comunistas

Análise mostra que massacres de regimes de esquerda são omitidos em livros didáticos

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O "Quebrando o Tabu" causou indignação semanas atrás por afirmar que o regime comunista da China, responsável pela morte de dezenas de milhões de pessoas, tinha pontos positivos como "moradia para todos" e "estabilidade política".

O post foi apagado logo em seguida e a página devidamente reconheceu o absurdo da afirmação. Ainda assim, o caso mostra o desconhecimento mesmo de brasileiros escolarizados sobre o assunto.

Parte da culpa é dos livros didáticos. Boa parte deles passa em branco pelas matanças praticadas por ditadores comunistas do século 20.

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, e a esposa Olena em homenagem às vítimas do Holdomor - Presidência da Ucrânia - 27.nov.2021/Divulgação/AFP

A coleção de Ensino Médio "Diálogos em Ciências Humanas", da editora Ática, percorre o século 20 sem gastar uma linha para tratar do Holodomor, dos milhões de mortos na China de Mao ou dos crimes de Stálin. Até mesmo no capítulo "Guerras, Holocausto e genocídio no século 20" não há menção sobre matanças causadas por ditadores comunistas.

De quatro coleções de Ensino Médio analisadas pelo economista Arthur Cohen, a única a discutir algum genocídio comunista foi a "Humanitas.doc", da editora Saraiva. Explica a falta de alimentos que matou milhões de ucranianos de fome em 1932 e 1933 (tema, aliás, do excelente filme "A Sombra de Stálin", do Netflix).

Em três livros de história do 9º ano do Ensino Fundamental, que serão distribuídos em 2022 na rede pública, a situação é um pouco melhor. Dois mencionam as mortes por fome durante o regime chinês e os crimes de Stálin. Omitem o Holodomor e diversas outras mortes em massa. São os livros "Araribá Mais História", da editora Moderna, e "História Sociedade e Cidadania", da editora FTD.

Um terceiro livro analisado, "Teláris História", editora Ática, menciona o Holodomor, mas não a fome e as mortes na China de Mao.

Pesquisadores estimam que as mortes causadas pelo regime chinês cheguem a 55 milhões. Falar sobre o século 20 sem citar essas atrocidades é uma omissão tão grave quanto ensinar Brasil Colonial sem mencionar a crueldade da escravidão.

Se depender dos livros didáticos de História, os estudantes se formarão acreditando que a crise de fome da Etiópia de 1984 foi causada pelo capitalismo, e não por um ditador que teve apoio de Fidel Castro. E sem ter ouvido falar do genocídio do Khmer Vermelho, que matou incríveis 21% da população do Camboja.

Muito se comenta sobre narrativas de esquerda que professores e autores de livros didáticos ensinam. Também é preciso ficar atento à história que eles deixam de ensinar.

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