Leandro Colon

Diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso.

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Leandro Colon
Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Temer erra até quando tem rara chance de apoio popular

Ao ceder a grevistas pela 3° vez, presidente escancarou perda de capital político que pensava possuir

O governo de Michel Temer cedeu aos grevistas pela terceira vez em uma semana e escancarou ao país a perda de qualquer capital político que ainda pensava possuir. 

O presidente Michel Temer durante anúncio em Brasília, neste domingo (27)
O presidente Michel Temer durante anúncio em Brasília, neste domingo (27) - Ueslei Marcelino/Reuters

O presidente começou o fim de semana com sinais de fôlego depois de colocar forças federais nas estradas para enfraquecer o movimento de paralisação que já dura uma semana.

Não foi o suficiente. O cenário de aeroportos inviabilizados, postos sem gasolina e escassez de comida em supermercados elevou a tensão no Planalto. Mais reivindicações foram atendidas em uma tentativa agonizante de encerrar essa crise.

Temer baixou o tom duro de confronto adotado na sexta-feira (25). Foi para as cordas e o que mais temia começou a acontecer: a reação da população à falta de uma solução. As panelas voltaram. Durante o pronunciamento do emedebista no Planalto, a barulheira que virou rotina no governo Dilma Rousseff deu as caras em 2018. O temor maior do presidente é que a crise dos caminhoneiros traga de volta o fantasma dos protestos de junho de 2013.

Temer vive uma espécie de maldição da segunda quinzena de maio. As três crises que abalaram a gestão do emedebista ocorreram neste período: a queda de Romero Jucá (e toda sangria a estancar), em 2016, a delação bomba da JBS, em 2017, e, agora, um protesto nas rodovias que jogou o país em um caos.

São episódios carregados de circunstâncias, mas que revelam uma característica que marca o governo desde o seu início. Em nenhum deles, houve uma autocrítica sobre erros. Em todos, houve práticas equivocadas na ação política.

O governo repete em 2018 exemplos de desarticulação política e de comunicação. Levou quatro dias para emplacar, com boa dose de razão, o discurso da prática de locaute (ação de empresários) na paralisação de caminhões pelas estradas.

Apenas no quinto dia, Temer apareceu para um pronunciamento no Planalto. É incrível como o governo vacila tanto. Até na hora em que tem a rara chance de um apoio popular.

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