Leandro Colon

Diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso.

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Propina sindical é prática antiga e mudou só de dono no governo Temer

PF pode até ser capaz de interromper negociatas no Trabalho, mas não impedir que outras surjam

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Brasília

Na manhã de quarta-feira (30), enquanto o Palácio do Planalto buscava uma solução para a crise do diesel, a Polícia Federal desmantelava um esquema de venda de registro sindical no Ministério do Trabalho, a um quilômetro do gabinete do presidente Michel Temer (MDB).

O episódio teve uma repercussão política tímida em meio à crise nas estradas. Vários fatores podem explicar a inércia. Um deles é a tranquilidade com que partidos, sob uma bandeira fajuta do trabalhismo, controlam esse nicho lucrativo há vários anos sem serem importunados.

O deputado Jovair Arantes (PTB) protocola sua candidatura à Presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro de 2017
O deputado Jovair Arantes (PTB) protocola sua candidatura à Presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro de 2017 - Alan Marques - 1º;fev;2017/Folhapress

Outro é a banalização da corrupção. Perdemos referências diante de escândalos impensáveis tempos atrás. Qual a relevância política de um registro sindical fraudado perto de um assessor presidencial carregando uma mala com R$ 500 mil?

A resposta é que ambos deveriam ter o mesmo peso. O fato de o Planalto e o Congresso terem rasgado a fantasia nos últimos anos não liberou a prática do achaque no segundo escalão.

A autorização para um sindicato funcionar pode custar, nos porões mal frequentados de Brasília, muito mais que os R$ 500 mil levados pelas rodinhas de Rocha Loures.

E quem age de forma espúria no andar de baixo o faz a mando dos velhos caciques que estão no de cima.

Preso, Leonardo Arantes, ex-secretário-executivo do Trabalho, número 2 da pasta, é sobrinho do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), cujo gabinete foi vasculhado pela PF. Outro investigado é Paulinho da Força (SD).

A farra sindical não é um privilégio do governo Temer. O PDT fez a festa na era petista. Em 2011, assessores de Carlos Lupi, então ministro do Trabalho, foram pegos.

Desmoralizado, Lupi, hoje fiador da campanha de Ciro Gomes, se mandou —e o esquema só mudou de dono.

Na UTI política, Temer não quer confusão com PTB e SD. Presidenciáveis ignoram o passado e o presente dessas siglas. Flertam com elas sem pudor em busca de tempo de TV.

A PF, sozinha, pode até ser capaz de interromper negociatas em curso, mas não impedir que outras surjam.

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