Lúcia Guimarães

É jornalista e vive em Nova York desde 1985. Foi correspondente da TV Globo, da TV Cultura e do canal GNT, além de colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.

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Lúcia Guimarães
Descrição de chapéu Governo Biden

Biden convoca cúpula para neutralizar a China e exorcizar Trump

Evento virtual quer reunir líderes de países, da sociedade civil e do setor privado em dezembro

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O presidente americano, Joe Biden, vai ser anfitrião de um encontro internacional de defesa da democracia em dezembro. Biden quer misturar líderes de países, da sociedade civil e do setor privado numa espécie de primeiro Lollapalooza global do combate ao autoritarismo. Ao contrário do festival original Lollapalooza, que terminou há mais de uma semana em Chicago, bateu recorde de vendas de maconha e pode se revelar um evento superespalhador da variante delta, com 400 mil participantes, a Cúpula da Democracia convocada por Biden vai ser virtual e está marcada para os dias 9 e 10 dezembro.

O presidente queria inicialmente fazer um evento presencial e usar o simbolismo visual de agrupar líderes de democracias sólidas e democracias emergentes na defesa da liberdade política.

O presidente dos EUA, Joe Biden
O presidente dos EUA, Joe Biden - Jim Watson - 10.ago.21/AFP

A Cúpula da Democracia, semanas antes do primeiro aniversário da tentativa de golpe que culminou com a invasão do Capitólio, era projeto de Biden candidato para comunicar ao mundo que o ataque de Donald Trump à democracia americana era exceção, não norma. Pode ser vista também como um evento anti-China, uma iniciativa para conter a crescente influência da mais poderosa ditadura do planeta.

Os convites para a Cúpula da Democracia vão ser despachados nas próximas semanas, disse uma fonte anônima do Departamento de Estado ao jornal Washington Post. O que tem a cúpula em comum com a festa de 60 anos de Barack Obama, realizada no último sábado (7)? A organização de ambas teve que se adaptar ao avanço da variante delta. E Vladimir Putin e Xi Jinping, que não foram convidados para soprar as velinhas com Barack, também não devem ser convidados para entrar no Zoom com Joe.

O Departamento de Estado publicou os três temas da cúpula: defender países do autoritarismo; avaliar e combater a corrupção; avançar o respeito pelos direitos humanos. Ou seja, tudo o que faria de Jair Bolsonaro um indesejável.

Lá Fora

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Nesta semana, perguntei a um velho companheiro de Biden no Partido Democrata se ele acredita que o moderado presidente vê uma urgência no desmoronamento democrático em curso no Brasil. Falamos sobre o espetáculo do desfile da sucata blindada em Brasília e da nova fama do país, que aparece em manchetes comparado a uma república de banana.

O democrata veterano perguntou se o presidente brasileiro seria “maluco” de arriscar o isolamento e a represália que seguiriam uma tentativa de golpe como a de 6 de janeiro. Não respondi, apesar de, como a maioria dos brasileiros, perguntar como o capitão passou no teste psicotécnico do Detran para dirigir motocicleta.

No dia 5 de agosto, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca foi levar um recado ao Planalto. Graças à repórter Patrícia Campos Mello, soubemos que Jake Sullivan, de máscara como todos os presentes, disse ao grosseiro anfitrião sem máscara que os EUA têm confiança nas urnas digitais brasileiras e que seria desaconselhável bagunçar a eleição de 2022.

Jake Sullivan é um palestrante da Universidade de Yale. Em dois semestres passados, ele participou de um exercício que consistia em imaginar ações do Conselho de Segurança Nacional diante de crises. Na encenação, o discreto Sullivan fazia papel de presidente da República.

Na minha conversa com o democrata bem informado, comentando o recado passado ao Planalto, ele disse: se eu fosse o presidente brasileiro, levaria Jake Sullivan totalmente a sério.

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