Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Luciana Coelho

'Tuca & Bertie' é animação lisérgica da Netflix para mulheres de fino trato

Criadora produz também 'BoJack Horseman', outra animação adulta consagrada

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Para quem sente saudades da maravilhosa série “Broad City”, encerrada neste ano após cinco temporadas derrubando o tabu de que mulher não faz (ou não sabe fazer) humor boca-suja, eis uma candidata a sucedê-la: “Tuca & Bertie”, que chegou à Netflix neste mês.

Como a comédia protagonizada pelas atrizes Abbi Jacobson e Ilana Glazer, “Tuca & Bertie” aborda a amizade entre duas mulheres recém-chegadas às responsabilidades da vida adulta (ou à negação destas, em um dos casos).

A subversão é que se trata de um desenho animado para adultos. A criadora da série, Lisa Hanawalt, é uma das produtoras de outra animação adulta consagrada, “BoJack Horseman” (2014-).
Diferentemente da série mais velha, que também pode ser vista na Netflix, “Tuca & Bertie” tem menos de humor nonsense nos diálogos.

Sua viagem lisérgica está no traço dos personagens, uma tucana e uma rolinha em uma cidade povoada por plantas e animais falantes. Dito de outra forma, é menos Monty Python e mais Salvador Dalí.
Mas nada de sofisticação. O desenho feio, infantilizado, segue a escola das melhores animações permitidas para adultos, “Os Simpsons” e “Beavis & Butthead”, e a tendência recente vista no próprio “BoJack”.

Se as imagens mostram o absurdo, porém, os diálogos se desenham com muitíssimo realismo, sucesso garantido pelas vozes de Tiffany Haddish (a grandalhona e espaçosa Tuca, que vive de bicos) e Ali Wong (a elétrica e neurótica Bertie, uma publicitária que quer ser chef), ambas egressas da nova safra de mulheres no stand-up americano.

Não há episódio em que uma mulher de 20 a 50 anos —e muitos homens, também— não se identifique com uma das situações vividas. (Sim, você está vendo pássaros falantes com seios, e ainda assim há mais realismo naquelas cenas, e toneladas a mais de ironia com os modismos de hoje, do que em produções aplaudidas como marcos de ousadia, como “Girls” e “Sex and the City”).

Os personagens, afinal, podem ter saído de uma viagem de ácido, mas sua rotina é bem mundana: a dificuldade em conseguir uma promoção no trabalho; a vontade de ser amiga da vizinha cool; a montanha-russa entre casos incertos e a estranheza de se acomodar a um relacionamento.

Como nas demais citadas, a animação mergulha na amizade abnegada entre personalidades distintas cimentada pelos perrengues da vida —quem entre nós nunca teve um/a amigo/a espaçoso e egocêntrico, mas irremediavelmente empático, ou aquele/a quase-irmã/o controlador que protege de roubadas?

E, talvez porque seja impossível acrescentar algo de sexy ou glamouroso a aves de desenho animado, essa grande amarra do humor protagonizado por mulheres inexiste em “Tuca & Bertie”. Não que se fale pouco de sexo, mas o humor aqui não é só libertino. Ele é livre, sem risco de ofensa.

Os dez episódios de 25 minutos da primeira temporada de ‘Tuca & Bertie’ estão disponíveis na Netflix

 

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.