Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Descrição de chapéu

Sacha Baron Cohen faz herói de Israel na colossal história da série 'O Espião'

O resultado, porém, fica aquém do que se pode esperar do combo Mossad/Baron Cohen/Giddeon Raff

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Na sequência inicial de “O Espião”, minissérie que estreou na Netflix na última sexta-feira (6), um homem cujas unhas foram aparentemente arrancadas recebe um rabino em uma cela bem guardada, onde tenta concluir uma carta. É 1965, estamos em Damasco.

O sujeito por trás da carta é o espião Eli Cohen (1924-1965), uma das figuras mais celebradas da história israelense graças a seu papel na vitória do país na Guerra dos Seis Dias, travada dois anos após sua execução pelo governo sírio. Já aquele por trás da série é o roteirista e diretor israelense Giddeon Raff, criador do sucesso “Homeland”. 

Se isso não for atrativo suficiente, quem dá vida a Cohen na minissérie é o ator britânico Sacha Baron Cohen, conhecido por seus personagens cômicos como o repórter cazaque Borat e o consultor de defesa israelense Erran Morad (de “This is America”, sua criação mais genial).

A trajetória de Eli Cohen é um banquete para qualquer roteirista. Judeu nascido no Egito de pais vindos da atual Síria, chegou a Israel no fim de 1956, após participar de algumas ações de inteligência com a comunidade judaica em Alexandria, e, no ano seguinte, foi recrutado pelas Forças de Defesa de Israel. 

Seu objetivo, porém, era chegar ao Mossad, o lendário serviço de espionagem israelense, algo que ele só conseguiria em 1961. 

É daí que parte a minissérie, cujo texto se baseia no livro “O Espião que Veio de Israel”, de Uri Dan e Ben Porat (sem edição recente no Brasil). 

Cohen é recrutado, treinado e mandado à Argentina como se fosse o bem-sucedido empresário sírio libanês Kamel Amin Taabet para criar laços com a comunidade síria em Buenos Aires, blindando seu disfarce antes de seguir para a Síria, onde estabelece um inédito canal de espionagem para Israel.

O resultado da minissérie, porém, fica aquém do que se pode esperar do combo Mossad/Baron Cohen/Raff, talvez porque Raff hesite em esmiuçar um personagem complexo como Cohen e prefira 
a visão heroica, sem nuances.

Assim, seu Eli é um idealista inabalável e prestimoso, apaixonado pela mulher, Nadia. Baron Cohen ainda lhe imprime uma dose de pavonice que torna difícil dissociá-lo de seus personagens cômicos (nada para alarde; trata-se de um ótimo ator).

Se há escorregões que incomodaram a imprensa israelense, a colossal história (real) do espião é o bastante para manter o espectador comum ansioso por mais.

Eli Cohen conseguiu, afinal, enganar boa parte do primeiro escalão sírio, conquistando sua amizade e confiança enquanto passava a Israel detalhes de planos, posições estratégicas e fissuras políticas. 

Até hoje, muito do sucesso de Israel na Guerra dos Seis Dias —quando o país capturou territórios de Egito, Síria e Jordânia e adquiriu contorno próximo do atual— é atribuído a essas informações.

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