Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Netflix põe no ar 'Crashing', trabalho anterior da criadora de 'Fleabag'

Série tem Phoebe Waller-Bridge numa versão um pouco menos asséptica e mais miscigenada de 'Friends'

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Para quem gostou de “Fleabag”, a espertíssima comédia recém-consagrada pelo prêmio Emmy, a Netflix tem em seu catálogo a boa “Crashing”, escrita pela mesma Phoebe Waller-Bridge que saiu da premiação no mês passado carregada de estatuetas. 

“Crashing” e “Fleabag” são produções quase simultâneas; embora a mais famosa das duas tenha surgido primeiro, como um monólogo teatral em 2013, sua versão televisiva foi ao ar no Reino Unido no meio de 2016, seis meses depois de “Crashing” passar.

O tom de piadas ousadas de provocação sexual e as tiradas rápidas, muitas de cunho feminista, que costuram “Fleabag” também aparecem em “Crashing”, embora esta seja bem mais convencional.

Assim como a série mais famosa, disponível na Amazon Prime Video, a da Netflix tem episódios curtos, de 23 minutos, mas apenas uma temporada foi filmada (o sucesso de “Fleabag” e o roteiro de “Killing Eve”, com Sandra Oh, além da filmagem de “Han Solo: Uma História Star Wars”, abduziram Waller-Bridge na sequência).

Contudo, o parentesco maior é com séries de “ensemble”, que se amparam em todo um grupo como protagonista, como “Friends” —se “Friends” fosse um pouco menos asséptica e mais miscigenada. 

O septeto de amigos de “Crashing”, afinal, vive na ocupação de um hospital como “guardiães de propriedade do Estado” —uma solução heterodoxa de habitação num país onde, segundo pesquisas, a maior parte da população de até 30 anos, classe média inclusa, tem dificuldade em financiar moradia mas, diferentemente do Brasil, não acha normal viver ad infinitum na casa dos pais.

Assim como em “Friends”, suas confusas vidas afetivas e sexuais são o objeto central da série, especialmente a relação entre a personagem de Waller-Bridge, Lulu, e seu melhor amigo de infância, Anthony (Damien Molony). 

Os demais protagonistas são a rígida Kate (Louise Ford), namorada de Anthony, a artista plástica Melody (Julie Dray) e seu “muso”, o inseguro recém-divorciado Colin (Adrian Scarborough), o funcionário de TI de ascendência indiana Fred (Amit Shah), que acaba de sair do armário, e seu amigo Sam (Jonathan Bailey), que reluta em se reconhecer como gay. 

Embora em “Fleabag” os personagens sejam identificados meramente pelo papel social em que a protagonista os enxerga (mãe, pai, madrasta, padre), é “Crashing” que tem dificuldades em transcender estereótipos, sobretudo os geracionais. Outra diferença em relação à série premiada é a falta de brilho dos demais atores, o que torna quase penoso vê-los contracenar com Waller-Bridge. 

Ressalvas feitas, funciona bem como comédia romântica com uma protagonista muito engraçada, a velha historinha fofa de melhores amigos que na verdade se amam e um cenário que traz algo do contexto social de um Reino Unido em vias de sair da União Europeia. 

Não que a série se embrenhe pela política, mas como boa produção britânica ela capta o momento do país, ainda que de forma sutil.

Serve para maratonar. Os seis episódios de “Crashing” estão disponíveis na Netflix

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