Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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'Catherine the Great', na HBO, é tão grandiosa quanto sua protagonista

Helen Mirren, que ganhou Oscar, dá à imperatriz russa nuances além da mulher de ferro

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A vida pessoal de governantes e a forma como ela afeta o destino de um país (ou, em casos mais célebres, do mundo) são sempre temas fartos para telas e páginas. Se essa mescla de intriga pública e privada vier com o verniz de antigas monarquias, fica irresistível.

Daí o apelo inato de “Catherine the Great”, minissérie da HBO sobre a imperatriz Catarina, a Grande, que governou a Rússia por três décadas e meia no fim do século 18.

Seu período ficou conhecido como a era de ouro russa, quando o império ampliou ainda mais seu território e sua influência graças a campanhas militares bem-sucedidas e à incorporação de ideias sociais vanguardistas, sobretudo no que toca à atuação das mulheres na sociedade.

É por isso, também, que a minissérie que traz no papel principal a premiada Helen Mirren —ela mesma um símbolo do feminismo— tem especial relevância neste momento, quando o debate sobre a presença de mulheres em meios ainda dominados por homens ganha empuxo.

Mirren não é estranha à coroa. Foi o papel de Elizabeth 2ª que em 2007 lhe rendeu o Oscar em “A Rainha”, obra magnífica do britânico Stephen Frears sobre os dias de inferno da monarca após o acidente que matou sua nora, Diana —o roteirista Nigel Williams, por sua vez, escrevera “Elizabeth 1ª”, também com Mirren, e o diretor Philip Martin assina episódios de “The Crown”.

Diferentemente da rainha britânica, porém, o apetite político da imperatriz da Rússia se nivelava com seus apetites intelectual e sexual, e os três frequentemente surgiam juntos. Para seu azar, o impopular Pedro 3º, o marido cuja deposição a levaria ao trono, nunca se nivelou a nenhum deles.

Nascida na Prússia, em território onde hoje está a Polônia, Catarina ascendeu ao trono aos 33, quando as mulheres já eram consideradas bastante maduras. Foi, a seu tempo, uma mulher libertária e libertadora, embora nunca tenha deixado de ser uma déspota aferroada ao exercício autocrático do poder. 

A corte e a possibilidade de ganhar territórios —foi com Catarina como czarina que a Rússia incorporou Crimeia, parte de Ucrânia e Lituânia— sempre lhe interessaram mais do que os súditos no vasto interior campestre russo.

É essa Catarina superlativa que a minissérie traz, e Mirren permite à personagem mais nuances do que a imagem batida de mulher de ferro.

A atriz exibe com destreza as fragilidades da imperatriz, sendo a principal delas como mãe de um pusilânime Paulo 1º (Joseph Quinn), e a dificuldade de conquistar apoio popular após um golpe palaciano e em um país machista.

Boa parte do roteiro se desenvolve em torno de sua relação com Grigory Potemkin (Jason Clarke, de “A Hora Mais Escura”), devotando alguns créditos a ele. O militar dez anos mais jovem lhe serviu de amante, conselheiro, estrategista, amigo e chefe da Defesa, em um dos romances mais prolíficos da história. 

Se não bastar, a série, passada na opulenta São Petersburgo, é um deleite aos olhos.

A terceira das quatro partes de “Catherine the Great” vai ao ar na HBO no dia 5, à 0h03. Os anteriores estão disponíveis sob demanda.

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