Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Descrição de chapéu Maratona

Terrorismo volta às telas com impressionante série espanhola 'A Unidade'

Produção tem cenas de combate na interminável Guerra da Síria de fazer jus às superproduções americanas do gênero

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A pandemia do novo coronavírus deixou momentaneamente em segundo plano aquele que, até recentemente, era o grande temor deste século iniciado com um atentado sem precedentes, o terrorismo. “A Unidade”, série espanhola em cartaz na HBO, resgata o tema que pautou a produção da década passada em todos os seus calafrios.

A produção é ultrarrealista, com cenas de combate em solo na interminável Guerra da Síria de fazer jus às superproduções americanas do gênero.

Das produções americanas, aliás, não é só a qualidade técnica que “A Unidade” parece emular —a julgar pelos dois primeiros episódios, os únicos exibidos até agora (são seis ao todo), há também uma tendência ao maniqueísmo, embora a complexidade de fatores que pesam para o surgimento de grupos terroristas e outros radiciais estejam ali expostas.

“A Unidade” começa em Melilla, enclave espanhol no norte da África que nas últimas duas décadas se tornou também um ímã de refugiados que tentam deixar o continente rumo à Europa. Aos poucos, as imagens de destino turístico paradisíaco que a cidade evoca cedem espaço para a de multidões de famintos e desesperados atrás de uma cerca que marca a fronteira com o Marrocos.

Tem como personagens centrais um par de agentes de inteligência espanhóis (Nathalie Poza, excelente, e Michel Noher) no encalço de um grupo de terroristas que tem cometido atentados e aliciado jovens mulheres para servirem de “esposas” a seus comandantes e soldados. Os dois costumavam ser um casal —ela espanhola, mais velha que ele e acima na escala de comando, ele nascido na Argentina, com uma tragédia familiar na bagagem.

Em volta dos protagonistas, há toda a “unidade” do título, de agentes incumbidos de caçar terroristas e também de fugirem deles, uma vez que se tornam alvos. Num país acostumado ao terrorismo separatista —essencialmente político— o grupo ganhou especial importância ao se concentrar no terrorismo religioso, por causa do atentado de 11 de março de 2004.

O ataque, quando terroristas islâmicos explodiram bombas na estação de trem de Atocha, em Madri, é ainda hoje o mais mortífero atentado em solo europeu, com um total de quase 200 mortos.

Dani de la Torre e Alberto Marini, criadores da série, dizem ter amparado seu roteiro em grande parte no depoimento de policiais especializados em contraterrorismo —o que ajuda a explicar tanto
o realismo das cenas como o fato de os policiais serem “mocinhos” indiscutíveis.

Se os chefes terroristas são puro mal, porém, a série consegue conferir alguma humanidade a seus soldados, quase sempre jovens recrutados de um poço de desesperança e desespero para se
explodirem por aí, um dos traços mais cruéis do terrorismo islâmico deste século 21.

Uma segunda temporada da produção da Movistar (braço da espanhola Telefónica) já está prevista, mas ainda sem uma data de estreia.

‘A Unidade’ vai ao ar às segundas, às 22h, na HBO e está disponível na HBOGo.

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