Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Descrição de chapéu Maratona

'O Preço da Perfeição' podia ser 'O Gambito da Rainha', mas é só bobinha

Apesar das belas coreografias, série da Netflix é insípida e cheia de clichês em comparação a outras histórias adolescentes

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É preciso dizer algo de cara sobre “O Preço da Perfeição”, suspense adolescente que entrou no ar neste mês na Netflix: com um elenco basicamente de bailarinos, e tendo a competitividade do balé como tema central, a série enche os olhos e até o coração de quem gosta de dança.

As coreografias —especialmente as modernas, que têm como protagonista o personagem Shane, interpretado por Brennan Clost— alternam delicadeza e força bem o bastante para manter o espectador atento. Infelizmente, não resta muito mais. A trama é o velho mocinha-deslocada-se-vê-em-risco-e-precisa-descobrir-o-grande-vilão.

Há todos os clichês possíveis, da disputa pela primazia da turma à antagonista invejosa que só é assim porque mamãe não lhe dá atenção. O malvado em cena tem sotaque e é sedutor; a diretora da escola é ambiciosa e desalmada; os bailarinos são pouco mais que crianças empenhadas em um objetivo único.

A colunista está velha e chata? Talvez. Mas convenhamos que ninguém é tão raso como esses personagens, e as séries adolescentes superaram essa dicotomia bobinha há muito. Basta ver a brasileira “As Five”, spin-off de “Malhação - Viva a Diferença”, assinada pelo genial Cao Hamburger, no Globoplay, ou as inglesas “The End of the F*** World” e “Sex Education”, na mesma Netflix. Ou “Euphoria”, excelente série para adultos travestida de programa adolescente.

Em “O Preço da Perfeição”, acompanhamos a história de Neveah (Kylie Jefferson), uma bailarina talentosa cuja formação técnica é falha. Aceita por uma companhia importante em Chicago, ela se vê às voltas com colegas hipercompetitivos, com a insistência da escola em usá-la para se promover e a suspeitíssima morte de sua antecessora, Cassie (Anna Maiche), que a visita em pesadelos.

Acompanham o coreógrafo assediador porém genial (seria uma figura muito em voga se não fosse tão caricata), o treinador duro mas de boa alma, o mocinho que não acha sua verdadeira identidade e os rivais com um trauma a superar (neste caso, eles têm uma rixa geopolítica entre eles).

O curioso é que “O Preço da Perfeição” não difere tanto, em estrutura, do megassucesso “O Gambito da Rainha”, série mais assistida do ano na Netflix.

Como Beth (Anya Taylor-Joy), Neveah é uma garota talentosa, obsessiva e deslocada, fadada a brilhar. Há uma atividade que consome por completo sua vida, um velho mestre, antagonistas levemente sinistros, umas poucas adversidades e um sucesso esmagador, amparado em laços firmes de amizade.

Assim, é difícil explicar o que dá tanta vantagem, no gosto do público, a “O Gambito da Rainha”. Não há muito a acrescer ao que meu colega Antonio Prata escreveu; em “Gambito”, defendo apenas a coleção de personagens que rodeiam a protagonista, muito mais interessantes e cativantes do que os de outras séries medianas divertidas.

“O Preço da Perfeição” carece desse elemento e passa insípida. A não ser pela dança.

Os dez episódios de ‘O Preço da Perfeição’ estão disponíveis na Netflix

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