Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Descrição de chapéu Maratona Globo de Ouro

Globo de Ouro é distribuído por vidente, ex-miss sul-africana e fisiculturista

Apuração do jornal Los Angeles Times mostra falta de critério para escolher votantes do prêmio

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Quando Tina Fey e Amy Poehler surgirem nas telas para apresentar esta edição dos prêmios Globo de Ouro, na noite deste domingo (28), saiba que a história mais interessante não tem chance de conquistar a honraria.

Trata-se de uma extensa reportagem publicada no dia 21 pelo jornal Los Angeles Times sobre a Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, a HFPA na sigla em inglês. Para além da corrupção e da falta de pessoas negras entre os votantes, já abordados, há algo intrigante no texto, produzido a partir de documentos da associação: qual a qualificação para votar?

O fato de o grupo ter 87 pessoas (a academia que entrega o Oscar tem mais de 10 mil membros, embora nem todos votem em todas as categorias) e aceitar como prova profissional a mera publicação de quatro textos por ano em qualquer veículo estrangeiro fez com que esse conjunto, hoje, pareça os personagens de um filme de Wes Anderson ou Tarantino.

Vejamos: estão entre os membros uma socialite polonesa, um fisiculturista russo que produz filmes de ação, uma ex-miss sul-africana, um figurante indiano e três americanos que representam a China, o México e a Alemanha. Além disso, o LA Times achou jornalista indiano representando Singapura e holandês respondendo por Cuba e Austrália simultaneamente.

O caso mais fascinante é o de um ex-jornalista finlandês que mudou seu ramo de atividade para a CLARIVIDÊNCIA, segundo o LA Times, mas não perdeu a carteirinha da HFPA (a associação diz, segundo o jornal, que não limita as atividades com que seus membros ganham a vida —conceito tão elástico que levou alguns a virarem cambistas de convites para a premiação).

A questão é que nenhum deles tem trabalho reconhecido (ou mesmo conhecido) entre a casta de produtores de Hollywood nem entre colegas jornalistas, mas todos possuem o incrível poder de decidir quem leva para casa uma estatueta prestigiada pelo público, ainda que menos que o Oscar (no cinema) e o Emmy (na TV), e usada como chamariz de audiência.

Claro, há correspondentes de fato especializados, que escrevem para veículos relevantes, como a brasileira Ana Maria Bahiana, autora de extensa produção. Mas outros repórteres de estatura tiveram a inscrição rejeitada pela instituição, que hoje acumula processos.

Fica cada vez mais difícil se animar com uma premiação cujos votantes não representam a sociedade nem os estudiosos do tema.

Palpites para este domingo? “Ozark” em drama, “Schitt’s Creek” em comédia, “Nada Ortodoxa” em minissérie (a belíssima “I May Destroy You” deveria estar aqui), Cate Blanchett e Hugh Grant como atores de minissérie, Laura Linney e Bob Odenkirk, de drama, e Elle Fanning e Ramy Youssef, de comédia. Julia Garner e Daniel Levy não têm páreo como coadjuvantes.

Talvez a ex-miss, o vidente ou o fisiculturista pense diferente, mas e daí?

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