Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Maratona

'Lupin' mantém o fôlego graças ao carisma do protagonista Omar Sy

Série da Netflix se aproxima de 'Bridgerton' e imprime mais diversidade à cultura de massa e globalizada

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Em tempos de anti-heróis e anti-heroínas, cujas boas intenções são corrompidas pelos meios no caminho, a Netflix teve com "Lupin" a boa sacada de resgatar uma figura clássica descolada dos nossos tempos: o bom ladrão, aquele que rouba, mas no maior capricho, sem ferir ninguém.

Se soou antiquado, há o segundo trunfo da série que volta nesta sexta (11), com a metade final de sua primeira temporada, para contar as artimanhas do protagonista atrás de vingar a morte do pai. O mítico ladrão francês criado por Maurice Leblanc no século 19 reencarnou como Assane Diop, um filho de migrantes senegaleses, como tantos que a França trata como cidadãos de segunda categoria.

Não é pouco o que a Netflix tem feito como motor cultural para imprimir mais diversidade à cultura de massa e globalizada. Subverter estereótipos, multiplicar nacionalidades de produções e quebrar padrões raciais, linguísticos ou mesmo estéticos já é um legado da plataforma de streaming, seguida rapidamente pela concorrência.

Fórmulas e histórias são as mesmas. Ver gente de todo tipo nas telas, porém, dá às gerações que crescem com as múltiplas telas referências melhores que as daquelas submetidas ao binômio Hollywood-TV aberta (e, ei, até Hollywood e a TV aberta começaram a mudar).

Nesse sentido, "Lupin" se aproxima de "Bridgerton", que colocou atores negros para viver nobres europeus sabidamente brancos. Aqui não há o mesmo estranhamento por se tratar de um personagem fictício, mas por que mesmo há nem tanto tempo assim quase não víamos protagonistas negros mesmo em histórias contemporâneas? Pois é.

Como entretenimento, a série continua funcionando bem, muito pelo carisma gigante de Omar Sy, o protagonista. Em um elenco apagado, a presença hipnotizante do ator francês filho de uma faxineira mauritana e de um operário senegalês é capaz de segurar o espectador mesmo quando a história se arrasta ou embola.

O Lupin de Sy, fã do Lupin de Leblanc, é um gentleman como o ídolo, e com propósito mais nobre --não que ele não se divirta enganando a polícia, a segurança de museus e outros incautos. Quer apenas que o milionário pilantra que incriminou injustamente o Diop pai preste contas por seus crimes.

No caminho, ele ainda precisa só se livrar de um assassino de aluguel, da ingenuidade da filha do vilão e dos riscos que traz à própria família, como deixou claro o episódio em que a trama foi interrompida.

Assim, a segunda parte da série envereda para um caminho menos cerebral, com tiros, facas, fogo e perseguições. Não é a essência de "Lupin", e em alguns momentos parece que a coisa vai descarrilar. Felizmente, os dois últimos episódios voltam ao prumo e assistimos a um desfecho ao melhor estilo do personagem, com disfarces, truques e aptidão para a fuga.

Como esse homem passa despercebido? Mistério. Mas que é divertido ser iludido por ele, ah, é.
Os cinco episódios finais de "Lupin" estão disponíveis na Netflix

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