Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Luciana Coelho
Descrição de chapéu Maratona

'A Comissária de Bordo' destaca Sharon Stone, mas tem roteiro rocambolesco

No lugar das homenagens a Hitchcock da primeira temporada, novos episódios são encobertos por uma ressaca dramática

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"A Comissária de Bordo" enganou o espectador direitinho. O que era um suspense com referências e homenagens a Alfred Hitchcock na primeira temporada se converte, episódio após episódio, num drama cru sobre alcoolismo.

​Kaley Cuoco, a protagonista Cassie, tem talento suficiente para segurar os dois registros. Já os roteiristas parecem ter perdido o pulso, indecisos sobre qual história importa mais: a trama de assassinos e segredos de Estado ou o drama da comissária de bordo que se descobriu alcoólatra na adolescência e agora patina para restituir seus laços familiares e profissionais?

Kaley Cuoco em pôster de divulgação da segunda temporada de 'A Comissária de Bordo'
Kaley Cuoco em pôster de divulgação da segunda temporada de 'A Comissária de Bordo' - Divulgação

Uma definição faria bem à série, que, com um episódio apenas para chegar ao fim, tem pontas soltas demais. Vejamos: Cassie (Cuoco) roda o mundo atrás de sua amiga/colega Megan (Rosie Perez), que trocou a vida familiar por uma intriga internacional em busca de emoção. Recrutada pela CIA, ela se equilibra entre um relacionamento convencional e a tensão sexual com o chefe; amigos que carregam seus próprios problemas conjugais; a busca por Megan e uma assassina que tenta incriminá-la. Em oito episódios.

Diálogos imaginários da primeira temporada entre ela e um morto, que serviam para atiçar a curiosidade do espectador a respeito das reais ações de Cassie, dão lugar a encenações da consciência da moça, no surrado estilo anjinho/diabinho na orelha.

Entender a rocambolesca escapada de Megan tampouco é fácil, e enchê-la de tomadas alusivas a clássicos do suspense com uma edição frenética, telas divididas e múltiplas câmeras dá certa zonzeira.
O que antes parecia entretenimento de bom calibre foi encoberto por uma ressaca dramática, o reencontro de Cassie com a mãe, vivida por Sharon Stone. Os diálogos entre as duas são vívidos, e a dor é quase palpável, sem nenhuma preocupação em edulcorar a realidade de uma pessoa com dependência química aguda.

Quando a recaída da comissária começa a ganhar fôlego próprio, entretanto, os roteiristas nos transportam de volta para o suspense de espionagem, como se a produção tivesse dupla personalidade e estas se alternassem na dianteira sem sinal prévio.

A escolha de Stone, uma atriz inteligentíssima e hábil que por anos foi vista em Hollywood como mero objeto (sexual) de cena, também acena para a trajetória da própria Cuoco, conhecida como a loira bonita e avoada de "The Big Bang Theory" durante tempo demais. Nenhuma das duas precisa provar seu talento, claro, mas, se o roteiro pretendia proporcionar uma vitrine de potencial dramático, ele poderia fazê-lo de forma mais consistente.

Há mais gente de peso no elenco, como Cheryl Hines ("Segura a Onda") e Zosia Mament ("Girls"), o que leva a crer que a "Comissária de Bordo" pode engatar uma terceira temporada. Há história e talento para tanto, se os roteiristas colaborarem.

As duas temporadas de "A Comissária de Bordo" estão disponíveis na HBO Max

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