Luís Francisco Carvalho Filho

Advogado criminal, é autor de "Newton" e "Nada mais foi dito nem perguntado"

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Luís Francisco Carvalho Filho
Descrição de chapéu Folhajus

O berne

Quando o governante ameaça o planeta

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O desafio é remover Jair Bolsonaro da Presidência da República.

O problema não é ideológico ou partidário e transcende a estupidez ou as pilantragens do entorno familiar.

O governo federal transforma o Brasil em “Estado pária” —o que compromete o futuro de gerações.

É preciso traçar, com absoluta nitidez, a linha divisória. Quem participa de um governo que promove esta “estratégia genocida” (palavras do biólogo Atila Iamarino) de enfrentamento à pandemia, do presidente do Banco Central ao ministro da Ciência e Tecnologia, do ministro da Saúde ao ministro da Justiça, do presidente da Caixa Econômica Federal aos generais medíocres que despacham no Palácio do Planalto, é cúmplice da mortandade diária.

Morrem no Brasil mulheres e homens que poderiam estar vivos. Quem está com Jair Bolsonaro merece a perda do sono e da paz.

A imagem repulsiva do berne, tão presente no universo rural, explica o estado das coisas.

Berne (miíase ou bicheira) é a infecção parasitária provocada por larvas de moscas (como a varejeira azul ou verde-metálica) que invadem a pele e corroem tecidos vivos, devorando até cartilagens e ossos. É raro, mas em situações extremas, quando invadem o couro cabeludo do ser humano e alcançam o cérebro, são capazes de matar.

Bernes são extirpados para o bem da saúde. Jair Bolsonaro deve ser extirpado para o bem da Saúde.

Há um ano, o presidente da República boicota sistematicamente o distanciamento social e as recomendações médicas e científicas para a contenção da Covid-19.

Na contramão das estratégias adotadas pelos organismos internacionais e por todos os governos, independentemente da coloração ideológica, Jair Bolsonaro acredita que a superação da crise depende da disseminação do vírus, sendo irrelevante a perda de vidas, tratada como efeito colateral da equação econômica.

Por isso, o presidente da República, além de minar a credibilidade de instituições e valores humanitários e democráticos, aposta no caos e estimula a desobediência a medidas adotadas por governadores e prefeitos, desconexos e atordoados, para restringir a circulação de pessoas e reduzir internações e óbitos.

Por isso, o presidente da República alerta contra a “efetividade da máscara”, para ele, o “último tabu a cair” (26/11/2020), e insiste em criar desconfiança em relação à vacina que sempre desprezou: “não vou tomar” e “ponto final” (15/12/2020).

Para empresários e para o sempre tão sensível mercado, deve gerar desconforto o olhar retrospectivo dos 25 pronunciamentos que a jornalista Maria Cristina Fernandes relaciona e sintetiza no jornal Valor Econômico (26/2/2021): “Quando o léxico também mata”.

Na quarta-feira, o país atingia a assombrosa marca de 1.840 mortes em 24 horas e Bolsonaro exclamava mais um impropério: “Chega de frescura”.

O avanço da doença no Brasil, patrocinado pelo gestor homicida, impiedoso e temerário, é uma ameaça global.

O território brasileiro se transforma em campo aberto para a proliferação de variantes virais mais agressivas e contagiosas, o que compromete os esforços planetários para a superação da crise sanitária.

O Brasil de Jair Bolsonaro é inimigo público da humanidade. Além de aprofundar o isolamento internacional que desconstrói a soberania, o país poderá ser destinatário de sanções econômicas e (em situação limite) militares.

O desafio é remover Jair Bolsonaro da Presidência da República. Logo.

lfcarvalhofilho@uol.com.br

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.