Luiza Duarte

Correspondente na Ásia, doutora em ciência política pela Universidade Sorbonne-Nouvelle e mestre em estudos de mídia pela Universidade Panthéon-Assas.

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Pequim anuncia nova política industrial e tira 'Made in China 2025' de cena

Taxadas de predatórias por países estrangeiros, diretrizes não sofrerão grandes alterações

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Criticado abertamente por americanos e europeus, o “Made in China 2025”, plano chinês para aumentar a competitividade e consolidar o país como potência global, acaba de ser substituído por uma nova política industrial com ar de requentada.

A estratégia de Pequim para promover a rápida expansão dos setores de alta tecnologia e reduzir a dependência de componentes estrangeiros foi alvo da atual administração americana em plena guerra comercial e tecnológica entre China e Estados Unidos.

Exposição de empresas de tecnologia 5G em Pequim
Exposição de empresas de tecnologia 5G em Pequim - Li Xin/Xinhua

A política anunciada há quase cinco anos foi amplamente taxada por corporações e governos ocidentais como ambiciosa, predatória e, sobretudo, como uma ameaça frontal.

Ela foi acusada de ser o grande motor de ações robustas de roubo de propriedade intelectual, espionagem e competição desleal, além de contribuir para resguardar o gigantesco mercado interno chinês do alcance de empresas estrangeiras.
 
O alarde internacional gerou incomodo. O “Made in China 2025” começou a desaparecer discretamente dos documentos e discursos oficiais e logo se instalou a suspeita de que o plano seria em breve substituído.

O nome saiu de cena, de fato, mas o conteúdo da nova política industrial parece bastante semelhante.

Mesmo tão cedo, já há quem ateste que se trata meramente de uma mudança cosmética para botar panos quentes.
 
Os dez setores definidos como estratégicos para os próximos cinco anos não aparecem no novo documento, mas prazos e objetivos batem.

As empresas estatais e os recursos estão sendo direcionados para consolidar a transformação radical da China, sinônimo de produtos baratos e descartáveis, em uma nação com performance de ponta nos setores aeroespacial, farmacêutico, de robótica e de inteligência artificial.

Nos anos 2000, a China investia 0,89% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. Em 2017, Pequim colocou 2,12% no setor. O investimento em inovação é crucial. Essa é a aposta do regime para fugir da armadilha da renda média e da estagnação da economia, depois de décadas de crescimento vertiginoso.
 
Para o país, a resistência estrangeira a sua política industrial de longo prazo é meramente uma tentativa desesperada de frear seu crescimento.

Enquanto gigantes chinesas de tecnologia se lançam em grandes operações de compra de companhias do setor no Ocidente, oficiais do governo multiplicam declarações vagas em favor do multilateralismo, de ampliar a abertura para empresas não chinesas dentro do país ou para assegurar que operam de acordo com as normas da OMC (Organização Mundial do Comércio). 

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