Luiz Felipe Pondé

Escritor e ensaísta, autor de "Notas sobre a Esperança e o Desespero" e “A Era do Niilismo”. É doutor em filosofia pela USP.

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Bolsonaristas são batedores de carteira, e o PT é gangue sofisticada

Se você não abraça nenhum dos polos da corrupção, terá zero opção nas eleições para presidente neste ano

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Bolsonaristas são uma quadrilha de batedores de carteira, milicianos e praticantes de rachadinha. O PT é outro nível. Com o DNA do sindicalismo —bandido com metafísica social—, o PT é uma gangue sofisticada.

Rouba com garfo e faca e com discursos intelectuais —quando Haddad passa, ciclistas revolucionários e estudantes de humanas suspiram profundamente. Conta com a bênção de muitos membros da elite, retomará o poder e remontará suas redes de corrupção. Artistas ficarão emocionados e jornalistas conterão o gozo no canto dos lábios.

Montagem com Presidente Jair Bolsonaro e o ex Presidente Lula
Montagem com presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula - Pedro Ladeira/Folhapress e Miguel Schincariol/AFP

Bolsonaristas veem a si mesmos como machos alfa a andar de motocicleta por aí. Se você é simpatizante do Lula, você vê a si mesmo como um ser evoluído, com altíssima consciência cósmica e amor à humanidade.

Se você não abraça nenhum dos polos da corrupção acima descritos, terá zero opção nas eleições para presidente neste ano. Ou vota nulo e resguarda sua consciência, o que de nada adianta quanto à miséria política do país —mas dirão os mais céticos "um voto não faz nenhuma diferença mesmo". Ou tapa o nariz e vota no que você considera menos fedido. O odor de ovo podre exala das duas opções.

A miséria política brasileira tocou o fundo do poço. Estamos no mato sem cachorro. Para apoiar Bolsonaro, você tem que ser uma espécie de estúpido raivoso e cego. Para apoiar Lula, você tem que ser um obcecado ideológico ou um mentiroso contumaz.

A terceira via descortinou essa mesma miséria. Um desfile de vaidades indiferentes ao destino do país. Afoitos em adiantar alguma vantagem para suas carreiras e seus partidos —enfim, sua sobrevivência, mesmo na inviabilidade da vitória—, os candidatos da terceira via nunca quiseram ser uma opção viável,
mas apenas aparecer para projetos futuros.

Não têm nenhuma cerimônia em entregar o país a um dos dois lixos que concorrem à presidência. A sensação que se tem ao olhar para os ex-candidatos da terceira via é a de assistir a um desfile de Napoleões loucos numa ópera bufa.

A elite econômica nunca se preocupou com o país. Somos uma vaca leiteira para aumentar suas riquezas. Farão, como sempre fizeram, acordos com os canalhas da vez. O cidadão brasileiro continuará vivendo entre assaltos, craqueiros, inflação, fome, picaretas progressistas e reacionários que babam na gravata.

Os militares, infelizmente, demonstraram avidez pelo poder e pequenez histórica. Antes do governo Bolsonaro, haviam amealhado uma boa posição na opinião pública. Depois do governo Bolsonaro, ficaram com cara de homem inseguro em busca de provas públicas de sua condição de macho.

Com Bolsonaro, gozam muitos evangélicos, milicianos e ladrões de galinha, destruidores da Amazônia, dos índios, num arco de liberalismo estúpido que destrói um patrimônio essencial a serviço da gangue do garimpo.

Com o PT, todos os inteligentinhos gozarão ao voltar finalmente ao poder e poderão roubar o Estado com discurso progressista. A classe teatral poderá fazer o "L" com os dedinhos como se estivessem resistindo a ditaduras de alto risco em seus palquinhos. Se bolsonaristas cospem quando falam, simpatizantes do Lula choram, emocionados, com a própria sensibilidade fake.

Há que se reconhecer que com o Lula a imagem internacional do Brasil deverá melhorar um pouco. A política é um circo, seja em que nível for, do município à ONU.

Bolsonaro é um palhaço pró-ditadura, Lula, um político datado que traz no seu portfólio lutas "contra a ditadura". Um saldo pobre para um país cansado no mato sem cachorro.

Dirão que "não há saída fora da política" —e não há mesmo, por isso estamos sem saída. Não há alternativas que não passem, de alguma forma, pelo fim da picada. O Brasil parece um paciente terminal, com uma classe política que nos asfixia.

O PT, que dominou o cenário político partidário pós-ditadura, é uma gangue. Deverá voltar ao poder nas eleições deste ano —salvo algum acidente de percurso— e voltará a roubar, ainda que com algum verniz. E voltará a perseguir todo mundo que não rezar no seu altar, como fez em governos anteriores, apesar de posar de democrático.

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