Carioca, jornalista, foi repórter e coordenador de produção da Sucursal do Rio. É autor de livros sobre música popular brasileira. Escreve às segundas e às sextas.
O vazio político
RIO DE JANEIRO - A Petrobras perdeu diretoria e muito dinheiro. O governo federal desmorona. Governantes estaduais e municipais estão com um olho na falta de água e outro na Lava Jato –ambos os olhos quase fechados de tanto medo. O Congresso virou um navio de piratas orgulhosos de sua podridão. Como diria Agamenon Mendes Pedreira, jornalista inventado pelo Casseta & Planeta, até aí tudo bem.
O mais doloroso é a inexistência de ofertas (e de interesse?) de saídas políticas, no sentido maior do adjetivo, não no dado pelo PMDB e pelos PQPs que o seguem.
Nas últimas duas décadas, o PT e o PSDB, apesar de tropeços, foram as legendas que mantiveram a política institucional num nível um pouco acima do volume morto. E agora?
O PT parece aquele cachorro que, depois de anos fazendo cocô atrás da cortina, espanta-se por ter sido descoberto. Está com o rabo sujo entre as pernas e sem coragem de botar o focinho na rua, seja para o que for: pedir desculpas, defender conquistas, propor metas de governo e de ação política mais limpas e concretas, assumir-se como um ator que não tem o direito de se esconder.
A revolta do maior líder do PSDB se resume a deixar crescer a barba e dizer que as denúncias de corrupção são "estarrecedoras". À penúria estética e estilística se somam os flertes do partido com o golpismo. Não custa lembrar a Aécio Neves que, quando Carlos Lacerda tentou enxotar Getúlio Vargas, era do lado da legalidade que estava seu avô Tancredo Neves.
Ficaram, governo e oposição, reféns de Eduardo Cunha. O primeiro, por covardia e burrice; a segunda, por oportunismo. Entregaram o ouro ao bandido.
Sobramos nós, população, divididos, perplexos, receosos, sem saber por onde retomar o fio das manifestações de 2013. Mas não será dos gabinetes que virá uma saída.
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