Lygia Maria

Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

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Estamos presos na polarização

Desde 2018, o brasileiro é obrigado a votar mais contra do que a favor

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O segundo turno será entre Lula e Bolsonaro: um déjà vu da polarização de 2018. A esquerda refuta o termo "polarização", alegando que Lula não é da esquerda radical como Bolsonaro é de extrema direita. O próprio Lula disse que sempre houve polarização no Brasil, lembrando o embate histórico entre PT e PSDB. Ora, se isso fosse verdade, o PT não teria feito uma campanha baixa e vil para tirar Marina Silva do páreo em 2014, por exemplo.

Movimentação de eleitores com camisetas de apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) em seção eleitoral na Asa Norte, em Brasília - Gabriela Biló - 2.out.22/Folhapress

Na verdade, o termo "polarização" se refere mais à ideia de magnetismo, como um ímã que possui dois polos sempre conectados (corte esse ímã ao meio e veja como os polos negativo e positivo se mantêm nas partes separadas). Ou seja, há uma interdependência entre PT e Bolsonaro, como atestou o jornalista militante do PT Breno Altman, em 2018: "Por que iríamos querer tirar Bolsonaro do segundo turno? Para perdemos as eleições?". O PT precisa de Bolsonaro e vice-versa.

Não é só o conservadorismo que explica o alto índice de votos em Bolsonaro e em parlamentares bolsonaristas. Desde 2018, o brasileiro vota mais contra do que a favor. O antipetismo não pode ser ignorado. Afinal, se o PT ganhou quatro eleições seguidas, a sociedade brasileira não é tão reacionária assim. Algo aconteceu nesse período, e o ex-candidato Eduardo Jorge constatou o que foi: "O Bolsonaro é obra do Lula".

Se o PT realmente quisesse acabar com o "fascismo" bolsonarista, deveria ter contido sua sede de poder e o narcisismo de Lula. Em 2018, pesquisas mostravam que Bolsonaro perderia para Marina, Alckmin ou Ciro no segundo turno, menos para Haddad, mas o PT manteve seu candidato. Sabe como é, democracia é bom, mas o poder é melhor.

Proponho seguir o conselho de Millôr Fernandes e oficializar o "voto contra" de uma vez. Com o alto índice de rejeição dos dois candidatos (Bolsonaro com 51% e Lula com 46%), teríamos um segundo turno livre desses polos que transformam a política brasileira num campo de forças paralisante.

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