Lygia Maria

Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

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Descrição de chapéu Boxe LGBTQIA+

No esporte, sexo é fundamental

Se não fosse, nem sequer haveria separação entre categorias masculina e feminina em competições

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"Se alguém nos apresentar um sistema científico sólido capaz de identificar homens e mulheres, nós seremos os primeiros a usá-lo", disse Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional. A fala se refere à polêmica sobre a boxeadora argelina Imane Khelif, que foi acusada de ser homem nas redes sociais.

Ora, mas como mostra o biólogo Richard Dawkins, em seu artigo "Why biological sex matters", sexo é binário. Cromossomos, sistema reprodutor, hormônios e tipos de gametas são marcadores de diferença entre homens e mulheres. E tal distinção é fundamental nos esportes —caso contrário, não haveria separação entre as categorias masculina e feminina em competições.

Uma atleta está segurando uma medalha de ouro perto do rosto, parecendo emocionada. Ela usa uma faixa no cabelo e um casaco claro. O fundo é desfocado, sugerindo um ambiente de competição.
A boxeadora argelina Imane Khelif beija a medlaha de ouro no pódio da categoria feminina do boxe até 66 kg - Mohd Rasfan/AFP

Tudo indica que Khelif é mulher e teria algum distúrbio de diferenciação sexual (DDS), que pode gerar altos níveis de testosterona.

Ela não é a primeira atleta com essa condição. A corredora sul-africana Caster Semenya foi impedida de competir nas Olimpíadas de Tóquio porque sua taxa desse hormônio superava o limite estabelecido pela associação mundial de atletismo. A entidade não permite a participação de transgêneros que passaram por transição após a puberdade e de mulheres com nível de testosterona acima de 2,5 nanomoles por litro em eventos internacionais.

Quando, em 2021, o COI eliminou limites de testosterona na categoria feminina e declarou ausência de presunção de vantagem de transgêneros, recebeu tanto apoio quanto críticas de especialistas.
Entre elas, a de Joanna Harper, pesquisadora de desempenho atlético na Universidade Loughborough (Reino Unido): "Não há dúvida de que as mulheres trans são, em média, mais altas, maiores e mais fortes do que as mulheres cisgênero (...) e não é despropositado impor algumas restrições às mulheres trans em esportes de elite". Harper é uma corredora trans que transicionou aos 20 anos.

Ainda há muita pesquisa a ser feita sobre o tema. Insensatez é negar a realidade biológica e acusar de transfobia quem apenas aponta este fato.

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