Manuela Cantuária

Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

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Manuela Cantuária
Descrição de chapéu

Serial killer de Brasília já matou meio milhão de brasileiros e segue impune

Única característica que difere o antagonista de outros assassinos em série é que ele não possui um QI acima da média

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Alerta de gatilho: este filme contém cenas de violência, crimes de responsabilidade, discurso de ódio contra minorias, apologia das drogas ineficazes, entre outros.

Ambientado em um Brasil distópico, o longa-metragem acompanha a trajetória de uma cidadã brasileira tentando desesperadamente sobreviver aos ataques de um assassino em série que ganham grande repercussão no país.

A história começa em 2018. A vítima é hipnotizada por um mórbido conteúdo que chega pelo celular. Teorias da conspiração, notícias falsas e alertas constantes sobre uma ameaça que ronda o país: o fantasma do comunismo.

Ela sente medo. Não quer perder sua casinha de Muriqui para o Partido dos Trabalhadores. Muito menos pretende provocar a fúria do deus mercado, que, segundo as escrituras sagradas (o caderno de economia), promoveria o apocalipse caso um professor ocupasse o cargo da Presidência.

Ilustração com "Em cartaz / 500 mil mortos / Brasil - 2021" escrito em preto com manchas vermelhas
Publicada nesta segunda-feira, 21 de junho de 2021 - Silvis/Folhapress

Mas o verdadeiro vilão da história, como a maioria dos assassinos em série, é vaidoso e manipulador. A vítima não desconfia dele, apesar de todos os sinais evidentes desde a apresentação do personagem, como a incapacidade de sentir empatia e a obsessão pela morte, por exemplo.

A única característica que difere o antagonista de outros serial killers é que ele não possui um QI acima da média —não sabemos se por descuido ou licença poética do roteirista.

No geral, o filme não foge à regra do gênero de terror e é recheado de clichês, como o emblemático momento em que a vítima facilita a vida do próprio algoz. Já vimos essa cena antes. Basta um barulho estranho no porão. A protagonista pega um taco de beisebol e desce as escadas, no escuro, perguntando, inocentemente, “tem alguém aí?”.

Na versão canarinho, lá vai ela, munida apenas de seu título de eleitor, em direção à urna eletrônica. Que agonia. Ela ainda não sabe que se encaixa perfeitamente no perfil das vítimas do assassino —é brasileira.

Alerta de spoiler: três anos se passaram e o assassino em série atinge a aterradora marca de meio milhão de mortos. A vítima, mantida em cativeiro em sua própria casa, questiona a própria sanidade. Já conhece a identidade do culpado que, surpreendentemente, segue impune. É preciso ter estômago para assistir ao filme até o final, que peca pelo excesso de realismo.

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