Especializado no repertório clássico —sobre o qual faz improvisações para lá de livres, mas solidamente escoradas em pesquisas etnomusicais—, o grupo europeu dirigido pela austríaca Christina Pluhar trabalha aqui sobre árias de óperas de Händel. Misturando elementos do jazz, ritmos latinos e música klezmer, o que poderia ser um grande pastiche se transforma, graças ao talento de seus instrumentistas acompanhados da soprano Nuria Rial, do contratenor Valer Sabadus e do clarinetista Gianluigi Trovesi), numa virtuosística alucinação do espírito barroco.
Händel Goes Wild. Artistas: L’Arpeggiata. Gravadora: Erato (2018, R$ 108,80, importado)
Bíblia do Novo Mundo
Considerado a Bíblia do continente americano, “Popol Vuh” é um livro singular: tem inestimável valor histórico e, ao mesmo tempo, maravilha nossa sensibilidade poética —embora tenha sido criado quando a noção de “valor estético” sequer existia. Trata-se de uma “cosmogonia” que narra a criação do mundo e do povo maia-quiché (América Central) sob o impacto da invasão espanhola, no século 16. Excelentes textos dos organizadores destrincham a complexidade linguística da obra, pela primeira vez editada em português em versão bilíngue e na forma original, com dísticos (estrofes de dois versos) que recriam de modo hipnotizante a origem mítica do universo.
Popol Vuh. Org. e tradução: Gordon Brotherston e Sérgio Medeiros. Editora: Iluminuras (2018, 480 págs., R$ 89)
Devastação progressiva
Jon Hamm (galã de “Mad Men”) é o ex-diplomata que, após ter a mulher assassinada em Beirute, vive entre a depressão e o álcool até ser convocado para retornar ao Líbano e resgatar um amigo, refém de milícias islâmicas. Filme de ação que mostra a progressiva devastação do Oriente Médio.
Beirute. Direção: Brad Anderson. Elenco: Jon Hamm, Rosamund Pike. Produção: ShivHans Pictures (2018). Na Netflix
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