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Cervejaria quer preservar abelhas nativas

Colorado implanta meliponários para demonstrar a importância das polinizadoras

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Meliponário da cervejaria Colorado em Ribeirão Preto
Meliponário da cervejaria Colorado em Ribeirão Preto - Colorado/Divulgação

Na Toca do Urso, onde fica a sede da Colorado, em Ribeirão Preto (SP), seis colmeias foram instaladas para as abelhas Jataí, Mandaçaia e Mirim droryana. Dentro da cidade, no escritório de desenvolvimento rural (CATI), mais 12 colmeias dessas abelhas e mais Marmelada e Mandaguari já estão funcionando.

Esses foram os dois primeiros meliponários que a cervejaria abriu em setembro, como parte de uma campanha de sensibilização para a preservação das abelhas. As ações pretendem beneficiar mais de 400 produtores e 4 milhões de abelhas.

A intenção do projeto não é a de produzir mel para venda e sim demonstrar o cultivo e chamar a atenção para a importância dos polinizadores nativos para a agricultura e as formas de convivência com as abelhas. Segundo a empresa, o primeiro curso já foi dado para 40 moradores da região. A ideia é difundir a melicultura aos trabalhadores rurais.

A Colorado também vai replantar uma área de quatro hectares (40 mil metros quadrados) com espécies de plantas que são facilmente polinizadas e auxiliam na apicultura.

A cervejaria pretende abrir, ainda este ano, outros dois meliponários urbanos em São Paulo, também com capacidade de 50 mil abelhas cada um.

A Colorado lançou este ano uma edição limitada com mel de quatro abelhas diferentes: Mandaçaia, Uruçu amarela, Tiúba e Jataí. Em setembro, a campanha “Adeus Appia”, feita em parceria com a National Geographic, alerta para o risco de extinção das abelhas, que faria desaparecer também a cerveja Appia, da Colorado, que usa mel em sua fórmula.

Durante o primeiro ano, a Colorado será responsável pela manutenção dos meliponários e pelo treinamento aos funcionários dos parques onde estão instalados. A Ambev não divulga quanto investiu no projeto.

Na última quinta, 3 de outubro, era o dia nacional da abelha. Tirando iniciativas como esta, da Colorado, pouco há para comemorar.

As abelhas são responsáveis por polinizar 75% da cultura alimentar de todo o planeta. Sem elas, não dá. Mas os riscos de extinção de espécies continuam. O governo acaba de liberar mais 57 agrotóxicos, somando 382 registros em 2019.

As notícias sobre contaminação e morte em massa de abelhas começaram a ficar mais frequentes este ano.

Em janeiro, cerca de 50 milhões de abelhas morreram em Santa Catarina e a principal causa apontada por testes do Ministério Público foi o inseticida fipronil, usado em lavouras de soja na região.  Os exames encontraram também o fungicida trifloxistrobina e o inseticida triflumuron. O estado é o maior exportador de mel do Brasil e tem 99% de sua produção certificada como orgânica.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, declarou recentemente sua ignorância sobre o Brasil e sua intenção de abrir mais ainda as portas para transgênicos e agrotóxicos, ao dizer que o clima quente do Brasil não favorece a produção de orgânicos.

Não tem qualquer fundamento científico. A produção de orgânicos só cresce no mundo. De 2015 para 2016, a produção cresceu 15%: cobria 50,3 milhões de hectares cultivados e passou para 57,8 milhões, em todos os continentes, com diversas situações de clima.

Dados Ministério da Agricultura divulgados pelo Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis) indicam que o número de unidades de produção orgânica cresceu 300% entre 2010 e 2018, passando de 5.406 para 22.064 propriedades.

O consumo também. Segundo a última pesquisa Akatu - Panorama do Consumo Consciente no Brasil houve um aumento significativo na compra de produtos orgânicos, de 23% da população, em 2012, para 48%, em 2018.

Para quem quer saber mais sobre o tema, o SOS Abelhas Sem Ferrão organiza cursos e palestras, faz resgate de enxames, promove campanhas e dá consultoria para quem quer instalar um meliponário.

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